Outra das atracções de Takayama são os seus animados mercados matutinos a que, efectivamente, vale a pena dedicar uma olhada. Assim o fizemos no começo da manhã. Aqui encontramos tudo o que nos pode garantir uma das muitas refeições especiais que teremos, com certeza, em qualquer canto do Japão.
Em seguida, ida para o Hida-no-sato, um museu ao ar livre que reúne diversas casas tradicionais da zona. O local onde estão instaladas é, como não podia deixar de ser, privilegiado, rodeado de montanhas (mais verde) e com um belo lago no centro. Aqui podemos apreciar vários exemplos da arquitectura do século passado e sentirmos como era a vida rural então. Os telhados típicos estão todos eles preparados para aguentar a forte neve. E dentro das casinhas, que podem ser de habitação ou quintas ou celeiros, testemunhamos como é uma casa de uma divisão imensa que graças às portas de correr sobre o tatami se vai transformando numa casa com as divisões que a cada momento vamos desejando ou precisando, como se tece ou acende o fogo. Estas casas são todas em madeira, reconstruções que foram trazidas para aqui.
De Takayama seguimos em jornada de autocarro de cerca de uma
hora até Hirayu.
O tempo transformou-se por completo e chovia inclementemente nessa tarde,
incapaz, ainda assim, de impedir que apreciássemos
toda a pujante beleza do caminho de montanha. Hirayu é um pequeno ponto no mapa, conhecido
pelos seus onsen, banhos termais em bom português. Esta foi outra das nossas experiências de um Japão típico.
Os onsen pululam pelo Japão, ou não estivesse o país sempre com uma erupção aqui, um terramoto ali. Quente, quentinho. Há os na montanha, na praia, na cidade.
Aqui na vila / onsen de Hirayu a vida pode ser rapidamente
resumida como ir ao banho e comer. Relaxar é
o mote. Para o banho há
todo um ritual e etiqueta a cumprir. Há
que levar a toalha de corpo e uma toalhinha pequenina que ainda hoje não entendo para que
serve, senão
como adereço
para limpar o suor quando se está
no calor do banho. Antes de entrar temos de nos banhar intensamente.
Sentamo-nos num banquinho e lavamo-nos. A nudez é
obrigatória,
daí que a
maior parte dos onsen sejam separados entre homens e mulheres. O hotel em que
ficámos,
apesar de um bocado (completamente?) decadente no quarto que nos apresentou,
tem zonas comuns fabulosas, nomeadamente os jardins e os onsen. Super bonitos,
descansa o corpo, a alma e a vista.
Passemos então
ao resumo da comida (melhor efectuado, como não
podia deixar de ser, aqui e aqui). Outra das
experiências
que não se
deve perder no Japão
é viver uma
refeição
kaiseki. Viver em toda a sua plenitude, sim, porque é disso que se trata, não apenas de
ingerirmos algo para nos manter vivos. A apresentação de uma refeição deste tipo obedece à lógica da
japonesidade, acompanhada de todo um envolvimento estético e requinte, também visíveis em outras áreas da vida,
nomeadamente a arte. Mas a comida é,
aqui, uma arte singular e superior. Os pratos vão
nos sendo servidos como se de uma obra de arte se tratasse, quer quanto à apresentação dos alimentos e
ingredientes, quer quanto à
loiça
que nos é trazida,
de uma beleza e elegância
sem igual. Como poderemos voltar a encarar as refeições quando voltarmos para casa? Talvez
visitas mais frequentes ao Tomo de Algés
ajudem.