O Tsukiji, o mercado central de Tóquio,
é considerado
o maior mercado de peixe do mundo, quer em termos de extensão quer de
variedade. Ver a chegada e posterior corte dos peixes que vão abastecer a
maioria dos restaurantes de Tóquio
é um ritual
madrugador que não
está acessível à maioria das
pessoas, em especial se forem turistas. A verdade é que este mercado tornou-se tão turístico que,
actualmente, a maior parte do seu interior está
vedado antes das 9 horas. No entanto, às
5 horas já a
fila está formada
para que uma centena de pessoas assista aos leilões
do atum.
Temos, então,
um mercado interior, onde o bulício
dos trabalhadores é intenso,
e o mercado exterior, com lojas livres para os cidadãos. A maior piada está no mercado
interior. Diz-se que a variedade das espécies
marinhas por aqui ascende às
2000. Todos os nossos sentidos têm
de estar totalmente alerta, não
só para
apreciar coisas nunca vistas, mas também
para não se
ser atropelado por uma das maquinetas conduzidas loucamente pelos
trabalhadores. Ou seja, não
é muito fácil percorrer-se
este mercado interior, mas é
extremamente compensador fazê-lo
e poder sentir toda a azáfama
no tratamento dos produtos marinhos.
O mercado exterior é óptimo para ir petiscando, uma vez que os comerciantes fazem questão de nos dar a provar algumas das suas iguarias.
Acontece que quando se passa para a visita ao mercado exterior é da praxe que já se tenha tomado o pequeno-almoço
de sushi num dos restaurantes do mercado. O critério
é tentar
escolher um que tenha locais ao balcão,
mas as filas são
tão grandes em
quase todas as portas que o difícil
mesmo é aguentar
a ansiedade de entrar em qualquer um deles para experimentar o delicioso sushi
matutino.
As horas que nos restavam neste último
dia em Tóquio
foram passadas na área
de Roppongi, mais especificamente nos empreendimentos de Roppongi Hills e do
Midtown. O primeiro foi concluído
em 2003 e veio mudar a paisagem de Tóquio
e introduzir um novo conceito de planeamento urbano. O segundo foi concluído em 2007 e seguiu
a mesma linha. Ambos são
verdadeiros exemplos da arquitectura urbana deste século, grandes complexos de aço e vidro, que
abarcam num mesmo espaço
as vertentes de comércio,
escritórios,
residência,
hotéis e
centros culturais.
O Roppongi Hills tem-nos a dar as boas vindas diversas esculturas, entre as quais o Maman de Louise Bourgeois, a aranha gigante que já tínhamos visto em Londres e Bilbau. A sua maior atracção é a Torre Mori, de 54 andares. Nos andares 52 e 53 fica o Mori Art Museum e no último andar o observatório Tokyo City View, havendo ainda a possibilidade de subir ao telhado para ver o Sky Deck por mais uns yenes. Dizer desde já que pela vista não merece a pena, uma vez que a nossa capacidade de circular pelo telhado é bastante limitada, ficando, ao invés, com uma excelente vista para o heliporto. Mas dizer, também, que foi a melhor compra que podíamos ter feito porque a jovem funcionária dos bilhetes se baralhou toda na venda e em troca da nossa nota de 5000 yenes para pagamento deu-nos de troco 6000 yenes. Resultado: estávamos tão aflitas com o dinheiro, que não queríamos que sobrasse para não perdermos com os câmbios, que na verdade faltava-nos era dinheiro. Graças à menina que, pelo menos momentaneamente não soube fazer contas, pudemos ficar com mais dinheiro e tempo livre para seguirmos para o aeroporto num autocarro directo que saia mesmo junto ao nosso hotel. Sugoi de su ne!
A vista da Mori Tower foi a melhor que encontrámos. Tempo limpo, dava para a nossa vista alcançar muito e tentar compreender melhor a ligação entre os bairros da cidade. Aqui de cima tudo ficou mais claro e percebemos que Aoyama e o seu mega cemitério é mesmo aqui ao pé. Isto anda tudo ligado. A Torre de Tóquio, famosa marca da cidade, espécie de Torre Eiffel mas em vermelho, estava ali mesmo à nossa disposição visual.
Quanto ao Mori Art Museum,
de arte contemporânea,
vimos aqui uma muito interessante exposição,
daquelas que nos deixam a pensar, de seu nome "Go Betweens - O Mundo Visto
Pelas Crianças".
O Tokyo Midtown é igualmente um muito bem sucedido projecto de arquitectura urbana com diversas funcionalidades. Com espaços públicos muito agradáveis, quase fazendo esquecer que estamos numa das maiores metrópoles do mundo, possui um jardim no qual está instalado uma jóia da arquitectura, o 21 Design Sight, de Tadao Ando. Se em Kyoto tínhamos visitado um seu edifício residencial que achámos muito discreto e se o Omotesando Hills em Tóquio não tinha deslumbrado, as linhas deste centro cultural voltaram a fazer com que a minha admiração por Tadao crescesse. Simplesmente perfeito em arquitectura e enquadramento.
Para finalizar a nossa passagem por Tóquio, tempo ainda para um passeio e uma descansada pelos jardins do Palácio Imperial. Bonito, algo isolado da confusão, mas com os arranha-céus ao fundo para não nos deixar esquecer que estávamos em Tóquio.