Tóquio não é uma cidade bonita, daquelas que lembraremos pelas formas das suas colinas ou pelo rebolar dos seus rios. Mesmo os seus arranha-céus, com excepção de uns poucos, não são facilmente identificáveis no skyline da cidade. Mas tem uma vida contagiante. A qualquer hora do dia se sente movimento, jovem e louco em Shibuya ou Akihabara, artístico e de negócios em Ropoongi ou Midtown, turístico e cerimonioso no Senso-ji, consumista em Ginza e Aoyama.
Ainda assim, é
possível
encontrar zonas sossegadas.
Alguns aspectos estranhos merecem ser elencados, desde logo a
ausência de
caixotes de lixo. Pelos vistos não
fazem muita falta aos habitantes de Tóquio,
que dispõem de
uma rede fantástica
de gestão dos
resíduos em
suas residências
e, assim, já estão habituados a
levar o lixo acumulado durante o dia para casa para reciclagem. O primeiro
mundo é aqui.
Outro aspecto verdadeiramente surpreendente, mas muito comum na Ásia, é a disposição dos fios de
electricidade pelas ruas, emaranhados como se fossem um ninho ou esticados como
uma corda de secar a roupa. O terceiro mundo também
tem lugar aqui.
No metro e comboio da cidade a regra - sempre respeitada pelos
seus usuários
- é o silêncio. Falar ao
telemóvel é proibido e as
carruagens não
são lugares de
convívio entre
companheiros de viagem, antes lugares para uma soneca. O incrível é que o pessoal em Tóquio parece acordar
sempre a tempo de sair no seu destino.
Outro sinal de comportamento higiénico
é a proibição de fumar na
maioria das ruas.
Mas se o fumo está
ausente, uma presença
constante são
as lojas do Pachinko, aquelas onde se podem jogar aqueles jogos de máquinas ou aqueles
jogos absurdos que o Japão
exportou.
Intrigante é
a quantidade de mulheres curvadas (corcundas, mesmo) que encontramos nas
ruas, seja em Tóquio
ou noutras cidades que visitámos.
Elas lá vão, irrequietas, com
os seus carrinhos de compras, mas a sua figura revela fragilidade. Uma
fragilidade que pode ser a consequência
de anos de trabalho no campo ou da falta de cálcio
por não beber
leite, quem sabe?
Para o fim uma curiosidade. Encontrámos vários
japoneses que à resposta
de que éramos
portuguesas nos replicaram que já
haviam estado em Portugal. Não
é grande
coisa, pois não.
A questão é que para além de termos
encontrado num restaurante uma revista com uma reportagem sobre a ilha da
Madeira, esses vários
japoneses para além
do continente tinham todos visitado a Madeira. Será paixão
pelas ilhas?