Lisboa é uma cidade linda. Uma cidade que nós, lisboetas, por vezes sem darmos conta temos o privilégio de viver. As condições naturais e geográficas são uma benção. A presença do estuário do Tejo dá um sentido próprio à cidade e a sua luz, tantas vezes referida e admirada, transmite uma felicidade e uma aura especial e única.
Essa luz é sobretudo inesquecível nos dias frios e limpos de Outono e Inverno, como os que têm estado nos últimos dias. E o momento alto desses dias são os finais de tarde, quando a cidade fica com uma tonalidade deslumbrante, estonteante, de cortar a respiração e ficar sem palavras. Porque o que os olhos veêm é um deslumbre e um deleite para a alma.
Os anfiteatros para assistir este espectáculo são vários. Seja junto ao rio a observar o sol a descer
e a ver se o Cristo Rei bate palmas por este espectáculo.
Nos miradouros da Graça, no caso o da Senhora do Monte, onde se percebe a configuração da cidade
e onde olhamos para o céu para agradecer este momento.
No alcandorado Castelo de S. Jorge, onde o fim de tarde é mágico e quase artístico, a avaliar pelas cores
Ou num outro dos muitos pontos de observação que a cidade nos ofereceu para apreciarmos a sua beleza. Ah, cidade generosa!
terça-feira, dezembro 13, 2005
quarta-feira, novembro 23, 2005
Sugestões
Comecei a prestar atenção e a gostar de arte há pouco tempo, já a adolescência lá ia.
Desejar ter os museus de Nova Iorque à porta, como afirmei em post anterior, é um exagero.
Ainda que Lisboa pudesse ter uma dinâmica muito maior no que diz respeito à exposição das grandes obras da arte mundial, e não apenas à dinâmica dos problemas de gestão e de programação do CCB ou da indecisão do lugar que acolherá a colecção Berardo, mesmo assim ainda se vai arranjando muita coisa interessante para ver pela cidade e seus arredores.
Ficam aqui 2 sugestões de exposições, ambas patentes até meados de Dezembro:
- “Assim... assim... assim... para gostares mais de mim”, Fátima Mendonça, na Culturgest.
Aparece-nos como muito louca, com telas enormes, coloridas, e remete-nos para um mundo de fantasia, de casinhas, de bolos de morango e chocolate, de próteses, de toureiras. Não entendi o que é que aquela misturada toda faz para ali, mas lá que é bem humorada e gostosa, lá isso é;
- “Um Tempo e Um Lugar – dos anos quarenta aos anos sessenta / dez exposições gerais de artes pláticas”, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira.
Evocação dos 50 anos das Exposições Gerais de Artes Plásticas, que tinham lugar na Sociedade Nacional de Belas Artes. Pintura, desenho, escultura, tapeçaria e arquitectura estão aqui presentes.
É agradavelmente surpreendente que Vila Franca de Xira acolha uma mostra de tamanha qualidade, abarcando um perídodo largo (20 anos – entre 1940 e 1960) da nossa história cultural e social que, apesar da ditadura – ou por sua causa –, não deixou de ser criativa. Com a colaboração de outras instituições, públicas e privadas, foi possível reunir nesta exposição obras dos mais importantes artistas portugueses daquela época. Do que mais gostei – porque não conhecia – foi das obras de Abel Salazar, António Quadros (“Raparigas”), Avelino Cunhal e Mário Dionísio.
Desejar ter os museus de Nova Iorque à porta, como afirmei em post anterior, é um exagero.
Ainda que Lisboa pudesse ter uma dinâmica muito maior no que diz respeito à exposição das grandes obras da arte mundial, e não apenas à dinâmica dos problemas de gestão e de programação do CCB ou da indecisão do lugar que acolherá a colecção Berardo, mesmo assim ainda se vai arranjando muita coisa interessante para ver pela cidade e seus arredores.
Ficam aqui 2 sugestões de exposições, ambas patentes até meados de Dezembro:
- “Assim... assim... assim... para gostares mais de mim”, Fátima Mendonça, na Culturgest.
Aparece-nos como muito louca, com telas enormes, coloridas, e remete-nos para um mundo de fantasia, de casinhas, de bolos de morango e chocolate, de próteses, de toureiras. Não entendi o que é que aquela misturada toda faz para ali, mas lá que é bem humorada e gostosa, lá isso é;
- “Um Tempo e Um Lugar – dos anos quarenta aos anos sessenta / dez exposições gerais de artes pláticas”, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira.
Evocação dos 50 anos das Exposições Gerais de Artes Plásticas, que tinham lugar na Sociedade Nacional de Belas Artes. Pintura, desenho, escultura, tapeçaria e arquitectura estão aqui presentes.
É agradavelmente surpreendente que Vila Franca de Xira acolha uma mostra de tamanha qualidade, abarcando um perídodo largo (20 anos – entre 1940 e 1960) da nossa história cultural e social que, apesar da ditadura – ou por sua causa –, não deixou de ser criativa. Com a colaboração de outras instituições, públicas e privadas, foi possível reunir nesta exposição obras dos mais importantes artistas portugueses daquela época. Do que mais gostei – porque não conhecia – foi das obras de Abel Salazar, António Quadros (“Raparigas”), Avelino Cunhal e Mário Dionísio.
terça-feira, novembro 22, 2005
Belmonte. Terra de Cabral e Memória do Judaísmo
Belmonte, junto à Serra da Estrela, é conhecida sobretudo por ser a terra de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
A vila possui um rico património histórico, tal como o Castelo, Pelourinho, Igreja de São Tiago, Solar dos Cabrais, entre outros.
No entanto o interesse em descobrir esta vila beirã vai muito para além desse património histórico construído, isto porque Belmonte é a memória viva do antigo judaísmo em Portugal.
Após séculos de organização judaíca em segredo, nos anos vinte do século XX foi anunciada a existência de uma comunidade judaica. Porém, só em 1989 é que foi oficialmente criada essa comunidade. Até essa data esta comunidade sobreviveu às perseguições da Inquisição, aos processos de integração católica (os cristãos-novos) e conseguiu manter vivas as tradições judaícas, ao ponto de ser actualmente a única comunidade de origem Cripto-Judaica na Península Ibérica.
A sua importância não se deve tanto ao seu peso demográfico (cerca de 200 pessoas, 10% da população da vila) mas antes à forma como conseguiu resistir às vicissitudes históricas ao longo dos séculos e com isso manter, secretamente, as principais tradições e ritos religiosos.
O vestígio mais antigo desta comunidade é uma inscrição de uma sinagoga que data de 1296, o que demonstra a existência de uma comunidade nessa época. Tal como antes, actualmente Belmonte mantêm viva a cultura judaica como atestam o cemitério próprio e a nova sinagoga, inaugurada em 1997, que tem um rabino.
No belíssimo e interessante Museu Judaico, inaugurado este ano, podemos conhecer todo este percurso histórico e de resistência da comunidade judaica, assim como os seus costumes e rituais, a sua integração na sociedade portuguesa e o seu contributo para as diversas áreas da sociedade.
A vila possui um rico património histórico, tal como o Castelo, Pelourinho, Igreja de São Tiago, Solar dos Cabrais, entre outros.
No entanto o interesse em descobrir esta vila beirã vai muito para além desse património histórico construído, isto porque Belmonte é a memória viva do antigo judaísmo em Portugal.
Após séculos de organização judaíca em segredo, nos anos vinte do século XX foi anunciada a existência de uma comunidade judaica. Porém, só em 1989 é que foi oficialmente criada essa comunidade. Até essa data esta comunidade sobreviveu às perseguições da Inquisição, aos processos de integração católica (os cristãos-novos) e conseguiu manter vivas as tradições judaícas, ao ponto de ser actualmente a única comunidade de origem Cripto-Judaica na Península Ibérica.
A sua importância não se deve tanto ao seu peso demográfico (cerca de 200 pessoas, 10% da população da vila) mas antes à forma como conseguiu resistir às vicissitudes históricas ao longo dos séculos e com isso manter, secretamente, as principais tradições e ritos religiosos.
O vestígio mais antigo desta comunidade é uma inscrição de uma sinagoga que data de 1296, o que demonstra a existência de uma comunidade nessa época. Tal como antes, actualmente Belmonte mantêm viva a cultura judaica como atestam o cemitério próprio e a nova sinagoga, inaugurada em 1997, que tem um rabino.
No belíssimo e interessante Museu Judaico, inaugurado este ano, podemos conhecer todo este percurso histórico e de resistência da comunidade judaica, assim como os seus costumes e rituais, a sua integração na sociedade portuguesa e o seu contributo para as diversas áreas da sociedade.
sexta-feira, novembro 18, 2005
I still love you, New York
Deixo mais esta letra da música “New York, New York” de Ryan Adams, do albúm “Gold”, de 2001. O lançamento do albúm e deste single coincidiu com os atentados de Setembro de 2001 e tornou-se como que um hino da resistência da cidade, ainda que não seja sobre a ela, mas antes sobre uma míuda.
"New York, New York"
Well, I shuffled through the city on the 4th of July
I had a firecracker waiting to blow
Breakin' like a rocket who makin' its way
To the cities of Mexico
Lived in an apartment out on Avenue A
I had a tar-hut on the corner of 10th
Had myself a lover who was finer than gold
But I've broken up and busted up since
And love don't play any games with me
Anymore like she did before
The world won't wait, so I better shake
That thing right out there through the door
Hell, I still love you, New York
Found myself a picture that would fit in the folds
Of my wallet and it stayed pretty good
Still amazed I didn't lose it on the roof of the place
When I was drunk and I was thinking of you
Every day the children they were singing their tune
Out on the streets and you could hear from inside
Used to take the subway up to Houston and 3rd
I would wait for you and I'd try to hide
And love won't play any games with me
Anymore if you don't want it to
The world won't wait and I watched you shake
But honey, I don't blame you
Hell, I still love you, New York
Hell, I still love you, New York
New York
I remember Christmas in the blistering cold
In a church on the upper west side
Babe, I stood their singing, I was holding your arm
You were holding my trust like a child
Found a lot of trouble out on Avenue B
But I tried to keep the overhead low
Farewell to the city and the love of my life
At least we left before we had to go
And love won't play any games with you
Anymore if you want 'em to
So we better shake this old thing out the door
I'll always be thinkin' of you
I'll always love you though New York
I'll always love you though New York, New York, New York
"New York, New York"
Well, I shuffled through the city on the 4th of July
I had a firecracker waiting to blow
Breakin' like a rocket who makin' its way
To the cities of Mexico
Lived in an apartment out on Avenue A
I had a tar-hut on the corner of 10th
Had myself a lover who was finer than gold
But I've broken up and busted up since
And love don't play any games with me
Anymore like she did before
The world won't wait, so I better shake
That thing right out there through the door
Hell, I still love you, New York
Found myself a picture that would fit in the folds
Of my wallet and it stayed pretty good
Still amazed I didn't lose it on the roof of the place
When I was drunk and I was thinking of you
Every day the children they were singing their tune
Out on the streets and you could hear from inside
Used to take the subway up to Houston and 3rd
I would wait for you and I'd try to hide
And love won't play any games with me
Anymore if you don't want it to
The world won't wait and I watched you shake
But honey, I don't blame you
Hell, I still love you, New York
Hell, I still love you, New York
New York
I remember Christmas in the blistering cold
In a church on the upper west side
Babe, I stood their singing, I was holding your arm
You were holding my trust like a child
Found a lot of trouble out on Avenue B
But I tried to keep the overhead low
Farewell to the city and the love of my life
At least we left before we had to go
And love won't play any games with you
Anymore if you want 'em to
So we better shake this old thing out the door
I'll always be thinkin' of you
I'll always love you though New York
I'll always love you though New York, New York, New York
Manhatã visto por Cazuza
NY acolhe cidadãos vindos de todos os cantos do mundo e, como afirmei em post anterior, estima-se que 32% da sua população tenha mesmo nascido fora dos EUA.
Daí a dificuldade em caracterizar-se NY e os seus residentes sem se recorrer às palavras cosmopolitanismo e respeito pela diferença.
Aqui se buscará o verdadeiro estilo de vida nova-iorquino, que rapidamente se cola a quem lá chega, seja turista ou emigrante, legal ou ilegal.
Deixo aqui a letra da música “Manhatã”, de Cazuza, o meu brasileiro preferido que, em certas fases da sua vida, escolheu e viu-se obrigado a viver uns tempos em NY.
"Manhatã"
Cheguei aqui num pé de vento
Já tenho carro e apartamento
Sou brasileiro mandigueiro
Tô aqui pelo dinheiro
Virei chicano, índio americano
Blusão de couro, os States são meus
Agora eu vivo no dentista
Como um bom capitalista
Só tenho visto de turista
Mas sou tratado como artista
E até garçon me chama de sir
Oh! Baby, baby, só vendo pra crer
Eu andando pela neve
Em pleno Central Park
Com as estrelas do cinema
Faço cenas no metrô
Com meus tênis All Star
Deixando as louras loucas
Com meu latin style
Não sou mais paraíba
Sou South American
Aqui em Manhatã
Aqui em Manhatã
E quando a saudade aumenta
Descolo um feijão com pimenta
E um Hollywood no chinês
Lá na Rua 46
Virei chicano, índio americano
Blusão de couro, os States são meus
Eu fumando um baseado
Em frente a um policial
Aqui tudo é tão liberal
Vou xingando em português
Depois, gasto o meu inglês
Deixando as louras loucas
Com meu baticulelê
Não sou mais paraíba
Sou South American
Aqui em Manhatã
Aqui em Manhatã »
Daí a dificuldade em caracterizar-se NY e os seus residentes sem se recorrer às palavras cosmopolitanismo e respeito pela diferença.
Aqui se buscará o verdadeiro estilo de vida nova-iorquino, que rapidamente se cola a quem lá chega, seja turista ou emigrante, legal ou ilegal.
Deixo aqui a letra da música “Manhatã”, de Cazuza, o meu brasileiro preferido que, em certas fases da sua vida, escolheu e viu-se obrigado a viver uns tempos em NY.
"Manhatã"
Cheguei aqui num pé de vento
Já tenho carro e apartamento
Sou brasileiro mandigueiro
Tô aqui pelo dinheiro
Virei chicano, índio americano
Blusão de couro, os States são meus
Agora eu vivo no dentista
Como um bom capitalista
Só tenho visto de turista
Mas sou tratado como artista
E até garçon me chama de sir
Oh! Baby, baby, só vendo pra crer
Eu andando pela neve
Em pleno Central Park
Com as estrelas do cinema
Faço cenas no metrô
Com meus tênis All Star
Deixando as louras loucas
Com meu latin style
Não sou mais paraíba
Sou South American
Aqui em Manhatã
Aqui em Manhatã
E quando a saudade aumenta
Descolo um feijão com pimenta
E um Hollywood no chinês
Lá na Rua 46
Virei chicano, índio americano
Blusão de couro, os States são meus
Eu fumando um baseado
Em frente a um policial
Aqui tudo é tão liberal
Vou xingando em português
Depois, gasto o meu inglês
Deixando as louras loucas
Com meu baticulelê
Não sou mais paraíba
Sou South American
Aqui em Manhatã
Aqui em Manhatã »
quarta-feira, novembro 16, 2005
Lembrando NY
Do que já tenho saudades:
Pensando em NY já há distância de uns (poucos) meses, invejo-lhe todos aqueles museus – os que visitei, os que sonhei visitar e aqueles que nem sonho que existem.
Invejo-lhe também algo que me levaria certamente à bancarrota – as montanhas de restaurantes asiáticos que me põe os olhos em bico. Não só os japoneses e chineses, mas também os indianos, tailandeses, vietnamitas, coreanos, etc.
O que faltou fazer:
Quase tudo.
6 dias em NY não chegam para conhecer apenas Manhattan, quanto mais pensar em ir a Brooklyn, Queens ou Bronx. Não chegaram sequer para deambular pelos Upper Sides. Se não fosse a viagem de avião cheia de horas intermináveis para se ultrapassar (e o síndrome da classe económica a evitar) diria que voltaria a NY num instante para tentar conhecer parte do muito que me faltou.
Pensando em NY já há distância de uns (poucos) meses, invejo-lhe todos aqueles museus – os que visitei, os que sonhei visitar e aqueles que nem sonho que existem.
Invejo-lhe também algo que me levaria certamente à bancarrota – as montanhas de restaurantes asiáticos que me põe os olhos em bico. Não só os japoneses e chineses, mas também os indianos, tailandeses, vietnamitas, coreanos, etc.
O que faltou fazer:
Quase tudo.
6 dias em NY não chegam para conhecer apenas Manhattan, quanto mais pensar em ir a Brooklyn, Queens ou Bronx. Não chegaram sequer para deambular pelos Upper Sides. Se não fosse a viagem de avião cheia de horas intermináveis para se ultrapassar (e o síndrome da classe económica a evitar) diria que voltaria a NY num instante para tentar conhecer parte do muito que me faltou.
terça-feira, novembro 15, 2005
NY - Encontro no Ray´s Pizza
O improvável acontece a cada esquina. No caso, numa pizzaria meio ranhosa na Houston St, deixando a Lower East Side a caminho da East Village. A pizzaria aqui em presença é a Ray´s Pizza, tipo de lanchonete que se encontra em quase cada esquina de NY (excepto nos bairros chiques).
Esta fica perto da Alphabet City, que inclui as Avenidas A, B, C e D, que alguém também designou por Assault, Battery, Crime e Drugs, mas que agora está mais para Attitude, Beautiful People, Costly e Dining Destination.
Comentávamos nós o aspecto dos azulejos da dita lanchonete, discutindo se passariam numa vistoria de um qualquer departamento de higiene de uma qualquer câmara municipal portuguesa, e decidíamos se havíamos de experimentar a sua casa de banho quando entra nem mais nem menos do que William Hurt.
Será, não será? Era.
As fatias de pizza são muito democráticas, e qualquer filho de Deus tem direito a elas. Mesmo que Filhos de um Deus Menor.
Esta fica perto da Alphabet City, que inclui as Avenidas A, B, C e D, que alguém também designou por Assault, Battery, Crime e Drugs, mas que agora está mais para Attitude, Beautiful People, Costly e Dining Destination.
Comentávamos nós o aspecto dos azulejos da dita lanchonete, discutindo se passariam numa vistoria de um qualquer departamento de higiene de uma qualquer câmara municipal portuguesa, e decidíamos se havíamos de experimentar a sua casa de banho quando entra nem mais nem menos do que William Hurt.
Será, não será? Era.
As fatias de pizza são muito democráticas, e qualquer filho de Deus tem direito a elas. Mesmo que Filhos de um Deus Menor.
NY - Apple
A Apple aqui em título é, passe a publicidade, a da marca de tecnologia informática.
Não ligo nem nunca liguei ao Macintosh. Quando a minha mana me falou do novo brinquedo que lia mp3 com um display todo fashion também não liguei nenhuma. Quando reparei que a grande maioria dos nova-iorquinos usava um adereço à cintura, ao braço, no bolso ou onde fosse, acompanhado de fones nos ouvidos, comecei por prestar atenção às palavras da mana. Quando entrei na loja da Apple no Soho, tipo test-drive dos seus produtos, e vi o IPOD Nano, imensamente mínimo e fino, fiquei irremediavelmente conquistada. Eis mais uma cliente.
Atenção, no entanto: a publicidade aqui não engana. O Naníssimo perde-se mesmo no bolso e esquecemo-nos de onde vêm aquelas mais de 1000 músicas que não param de tocar no nosso ouvido.
Não ligo nem nunca liguei ao Macintosh. Quando a minha mana me falou do novo brinquedo que lia mp3 com um display todo fashion também não liguei nenhuma. Quando reparei que a grande maioria dos nova-iorquinos usava um adereço à cintura, ao braço, no bolso ou onde fosse, acompanhado de fones nos ouvidos, comecei por prestar atenção às palavras da mana. Quando entrei na loja da Apple no Soho, tipo test-drive dos seus produtos, e vi o IPOD Nano, imensamente mínimo e fino, fiquei irremediavelmente conquistada. Eis mais uma cliente.
Atenção, no entanto: a publicidade aqui não engana. O Naníssimo perde-se mesmo no bolso e esquecemo-nos de onde vêm aquelas mais de 1000 músicas que não param de tocar no nosso ouvido.
NY - Chicago na Broadway
Uma ida a um dos teatros da Broadway é, igualmente, obrigatória.
Mais uma vez, com tantas peças em cartaz, o mais difícil é escolher a qual assistir (o teatro não é decisivo, antes a peça).
Desde o Fantasma da Ópera, já no seu 17.º ano em cartaz, passando pelo Rei Leão, Mamma Mia!, A Bela e o Monstro até Chicago. Em Setembro encontrava-se também em exibição o Lennon, musical sobre a vida de John Lennon, amplamente mal recebido pela crítica.
A minha escolha pelo Chicago deveu-se única e exclusivamente ao facto de este se encontrar na altura a ser estrelado por Brooke Shields, no papel de Roxie.
A ex-namoradinha da América, que fez 40 anos este ano, está em forma depois da vida algo atribulada e das depressões que sofreu. Deixou a Lagoa Azul e o Amor Infinito e resolveu aventurar-se no musical Chicago em Londres. Depois veio para a sua NY. Não faço ideia qual a posição dos críticos mas eu gostei.
O espectáculo em si não tem muitos adereços e, para quem viu o filme, a história é conhecida. Mas tem ritmo e entretém o suficiente para que, acabando a noite, o desejo de voltar e ver outro espectáculo seja grande.
Os preços não são muito baratos (no caso 60 euros por um lugar apertado lá para as últimas filas). No entanto, para bilhetes de última hora para o próprio dia vale a pena tentar os quiosques da TKTS na Times Square, com preços que podem ir até 50% menos.
À hora de saída do musical, que coincide com a saída dos outros shows, quer da “Broadway” quer da “Off-Broadway” (peças em teatros mais pequenos, muitos de teatro experimental), o espectáculo passa para as ruas da cidade. O movimento pela Times Square é imenso. Os táxis não param de passar e as luzes dos néons das publicidades a tudo o que é produto não param de brilhar.
E confirma-se: NY nunca dorme.
Mais uma vez, com tantas peças em cartaz, o mais difícil é escolher a qual assistir (o teatro não é decisivo, antes a peça).
Desde o Fantasma da Ópera, já no seu 17.º ano em cartaz, passando pelo Rei Leão, Mamma Mia!, A Bela e o Monstro até Chicago. Em Setembro encontrava-se também em exibição o Lennon, musical sobre a vida de John Lennon, amplamente mal recebido pela crítica.
A minha escolha pelo Chicago deveu-se única e exclusivamente ao facto de este se encontrar na altura a ser estrelado por Brooke Shields, no papel de Roxie.
A ex-namoradinha da América, que fez 40 anos este ano, está em forma depois da vida algo atribulada e das depressões que sofreu. Deixou a Lagoa Azul e o Amor Infinito e resolveu aventurar-se no musical Chicago em Londres. Depois veio para a sua NY. Não faço ideia qual a posição dos críticos mas eu gostei.
O espectáculo em si não tem muitos adereços e, para quem viu o filme, a história é conhecida. Mas tem ritmo e entretém o suficiente para que, acabando a noite, o desejo de voltar e ver outro espectáculo seja grande.
Os preços não são muito baratos (no caso 60 euros por um lugar apertado lá para as últimas filas). No entanto, para bilhetes de última hora para o próprio dia vale a pena tentar os quiosques da TKTS na Times Square, com preços que podem ir até 50% menos.
À hora de saída do musical, que coincide com a saída dos outros shows, quer da “Broadway” quer da “Off-Broadway” (peças em teatros mais pequenos, muitos de teatro experimental), o espectáculo passa para as ruas da cidade. O movimento pela Times Square é imenso. Os táxis não param de passar e as luzes dos néons das publicidades a tudo o que é produto não param de brilhar.
E confirma-se: NY nunca dorme.
NY - O Jazz de Vanguarda
Como confessei no post anterior, o jazz não é o meu forte. Não consigo enumerar mais do que 4 ou 5 grandes nomes do jazz clássico e, se passarmos para os grandes nomes do jazz de hoje, não me lembro de mais ninguém senão do Woody Allen (missão cumprida: estava a ver que escrevia não sei quantas linhas sobre NY e não conseguia falar qualquer coisa do Woody).
Apesar de não ser conhecedora de jazz, gosto de o ouvir, principalmente num bar. Aliás, a minha primeira saída à noite fora de Portugal foi a um bar de jazz nos arredores de Paris, há tempo suficiente para nem sequer me lembrar em que bairro isso aconteceu.
Em NY, uma ida a um clube de jazz é essencial. O difícil é escolher a qual. No Harlem existem uns quantos da velha escola, mas é na West Village que se encontram a maior parte dos clubes de jazz.
Provavelmente, o mais famoso é o Blue Note.
Porém, o facto de ter lido que, também provavelmente, o de maior prestígio era o Village Vanguard, levou-me para este lado. Neste clube, aberto desde os anos 30´, tocaram os maiores nomes do jazz. Numa sala cheia e intimista – até demais, com os meus joelhos e cotovelos a tocarem-se com os do vizinho do lado – assisti a um show de jazz como nunca pensei existir. O trio que se apresentou era composto por Joe Lovano (saxofone), Bill Frisell (guitarra) e Paul Motian (bateria).
Sei hoje que cada um destes nomes é dos mais importantes na sua especialidade. E sei também que o jazz pode meter bateria. E que da mistura de todos estes instrumentos pode resultar um som muito à frente. Realmente de vanguarda.
Boa escolha. A repetir numa próxima ida a NY.
Apesar de não ser conhecedora de jazz, gosto de o ouvir, principalmente num bar. Aliás, a minha primeira saída à noite fora de Portugal foi a um bar de jazz nos arredores de Paris, há tempo suficiente para nem sequer me lembrar em que bairro isso aconteceu.
Em NY, uma ida a um clube de jazz é essencial. O difícil é escolher a qual. No Harlem existem uns quantos da velha escola, mas é na West Village que se encontram a maior parte dos clubes de jazz.
Provavelmente, o mais famoso é o Blue Note.
Porém, o facto de ter lido que, também provavelmente, o de maior prestígio era o Village Vanguard, levou-me para este lado. Neste clube, aberto desde os anos 30´, tocaram os maiores nomes do jazz. Numa sala cheia e intimista – até demais, com os meus joelhos e cotovelos a tocarem-se com os do vizinho do lado – assisti a um show de jazz como nunca pensei existir. O trio que se apresentou era composto por Joe Lovano (saxofone), Bill Frisell (guitarra) e Paul Motian (bateria).
Sei hoje que cada um destes nomes é dos mais importantes na sua especialidade. E sei também que o jazz pode meter bateria. E que da mistura de todos estes instrumentos pode resultar um som muito à frente. Realmente de vanguarda.
Boa escolha. A repetir numa próxima ida a NY.
NY - Domingo no Harlem
O dia escolhido para visitar o Harlem foi o domingo.
Lá como cá, domingo é dia de ir à igreja e um dos objectivos desta visita era, precisamente, a ida à igreja.
Serei assim tão religiosa? Nada disso. Pensava no Gospel. Eu e mais centenas (milhares?) de turistas – brancos – que para lá foram em romaria. Aliás, a pensar neles, as sempre atentas agências de viagens incluiram este passeio de domingo nos seus pacotes.
O mítico Harlem fica, surpreendentemente, logo após o Central Park (para norte), a poucas estações de metro do centro. Se tivesse olhado mais cedo para o mapa não teria ficado surpeendida com esta proximidade. A questão é que nos habituámos a ouvir falar do Harlem como um bairro problemático cuja visita chegava até a ser desanconselhada. Até aos anos 80, aqueles que gostavam de NY só pelas compras na 5.ª Avenida tinham uma boa desculpa para não se darem ao trabalho de ir conhecer este enclave dos negros na cidade. Hoje, após os esforços das autoridades locais para re-desenvolver o bairro, não existem mais desculpas e quem não vai ao Harlem não sabe o que perde.
Desde logo, e Gospel à parte (lá voltaremos), lanço mão do chavão: o Harlem é o coração da cultura negra. Escritores e músicos como Louis Armstrong e Duke Ellington viveram e tocaram aqui, no Cotton Club e no Apollo Theater. Para mim, que não estou minimamente ligada ao jazz (carência educativa de que culpo os meus progenitores), o Cotton Club é o nome de um filme com o Richard Gere. E o Apollo Theater não deixa de ser mítico por ter ouvido falar nele apenas em 2004 quando Ben Harper (cada um com o seu Deus da música negra) lá tocou com os Blind Boys Of Alabama. Passando à sua porta, claro que é um edifício como outro qualquer, não muito cuidado no seu exterior, e o seu interior... bom, confesso que infelizmente não tive oportunidade de sentir o carisma daquela sala.
O Harlem foi também um bairro onde se presenciou directamente um activismo em termos sociais, tendo visto erigir líderes defensores dos direitos cívicos. Daí que as ruas do bairro homenageiem “African-Americans” ligados a estas causas, como Martin Luther King, Jr, Malcolm X, Adam Clayton Powell, Jr, e Frederick Douglass.
Naquele domingo de Setembro pelo bairro, dificilmente se viram brancos (os turistas ficaram-se todos pela igreja), mas viram-se muitos vendedores ambulantes que ocuparam os passeios a vender de tudo, roupa, sapatos, lenços, óculos, todo o tipo de comida. O pessoal que vagueava pelas ruas parecia estar a fazer horas para a parada que começaria às 14:00, celebrando a mãe África, e muitos levavam lancheiras e cadeiras para se acomodarem o melhor e mais próximo possível do evento preferido dos americanos (coisa estranha esta de se fazerem paradas por tudo e por nada. Com tanto para comemorar, é sempre em festa, que é o que é preciso).
Voltando à igreja. O ambiente era me familiar. Já vi pessoas assim vestidas em filmes americanos de época. Os crentes vestem as suas roupas de domingo, com cores fortes, não esquecendo os chapéus e bengalas. Só me lembro do “E Tudo o Vento Levou”. Esta realidade é tão distante da minha como os tempos da Guerra Civil Americana o são de 2005. E, no entanto, é de experiências destas que qualquer um que viaja gosta de vivenciar. Outras culturas. A diferença.
A maior parte das Igrejas do Harlem são baptistas. A principal delas é a Abyssinian. A turba de turistas (na qual me incluo) é interminável e dá praticamente a volta ao quarteirão onde a Abyssinian tem morada. Negros para aqui – com entrada directa – brancos para ali – ficam à espera, uma vez que não vão participar dos serviços.
Não aceito a espera e envergonho-me do meu estatuto de reles mirone. Como existem muitas mais igrejas nas imediações sigo para a próxima, na certeza porém de que o melhor coro de Gospel fica na Abyssinian. Foi assim que fui ter à Mother African Methodist Episcopal Zion Church, logo na rua de trás. Aqui não havia muita gente representativa das duas espécies acima referidas: crentes e turistas. Missa calma, com os crentes a discursarem sobre as suas experiências de vida, conjugal incluida, com o coro a irromper amíude entre as palavras. A calmaria terminou com a intervenção do pastor cujo tom de voz foi num crescendo até que no final do seu discurso certamente se ouviu pelo Central Park afora. Enquanto o pastor falava, o diálogo com os crentes era possível através dos “Yeeh, Yeeh, That´s It” proferidos pelas damas nas primeiras filas. Muita acção, como se vê. A soneca aqui não é tão fácil de tirar enquanto o padre fala.
5 estrelas para o Harlem, o local em NY onde, ao mesmo tempo em que nos sentimos bem, sentimos também que não somos daquele filme.
Lá como cá, domingo é dia de ir à igreja e um dos objectivos desta visita era, precisamente, a ida à igreja.
Serei assim tão religiosa? Nada disso. Pensava no Gospel. Eu e mais centenas (milhares?) de turistas – brancos – que para lá foram em romaria. Aliás, a pensar neles, as sempre atentas agências de viagens incluiram este passeio de domingo nos seus pacotes.
O mítico Harlem fica, surpreendentemente, logo após o Central Park (para norte), a poucas estações de metro do centro. Se tivesse olhado mais cedo para o mapa não teria ficado surpeendida com esta proximidade. A questão é que nos habituámos a ouvir falar do Harlem como um bairro problemático cuja visita chegava até a ser desanconselhada. Até aos anos 80, aqueles que gostavam de NY só pelas compras na 5.ª Avenida tinham uma boa desculpa para não se darem ao trabalho de ir conhecer este enclave dos negros na cidade. Hoje, após os esforços das autoridades locais para re-desenvolver o bairro, não existem mais desculpas e quem não vai ao Harlem não sabe o que perde.
Desde logo, e Gospel à parte (lá voltaremos), lanço mão do chavão: o Harlem é o coração da cultura negra. Escritores e músicos como Louis Armstrong e Duke Ellington viveram e tocaram aqui, no Cotton Club e no Apollo Theater. Para mim, que não estou minimamente ligada ao jazz (carência educativa de que culpo os meus progenitores), o Cotton Club é o nome de um filme com o Richard Gere. E o Apollo Theater não deixa de ser mítico por ter ouvido falar nele apenas em 2004 quando Ben Harper (cada um com o seu Deus da música negra) lá tocou com os Blind Boys Of Alabama. Passando à sua porta, claro que é um edifício como outro qualquer, não muito cuidado no seu exterior, e o seu interior... bom, confesso que infelizmente não tive oportunidade de sentir o carisma daquela sala.
O Harlem foi também um bairro onde se presenciou directamente um activismo em termos sociais, tendo visto erigir líderes defensores dos direitos cívicos. Daí que as ruas do bairro homenageiem “African-Americans” ligados a estas causas, como Martin Luther King, Jr, Malcolm X, Adam Clayton Powell, Jr, e Frederick Douglass.
Naquele domingo de Setembro pelo bairro, dificilmente se viram brancos (os turistas ficaram-se todos pela igreja), mas viram-se muitos vendedores ambulantes que ocuparam os passeios a vender de tudo, roupa, sapatos, lenços, óculos, todo o tipo de comida. O pessoal que vagueava pelas ruas parecia estar a fazer horas para a parada que começaria às 14:00, celebrando a mãe África, e muitos levavam lancheiras e cadeiras para se acomodarem o melhor e mais próximo possível do evento preferido dos americanos (coisa estranha esta de se fazerem paradas por tudo e por nada. Com tanto para comemorar, é sempre em festa, que é o que é preciso).
Voltando à igreja. O ambiente era me familiar. Já vi pessoas assim vestidas em filmes americanos de época. Os crentes vestem as suas roupas de domingo, com cores fortes, não esquecendo os chapéus e bengalas. Só me lembro do “E Tudo o Vento Levou”. Esta realidade é tão distante da minha como os tempos da Guerra Civil Americana o são de 2005. E, no entanto, é de experiências destas que qualquer um que viaja gosta de vivenciar. Outras culturas. A diferença.
A maior parte das Igrejas do Harlem são baptistas. A principal delas é a Abyssinian. A turba de turistas (na qual me incluo) é interminável e dá praticamente a volta ao quarteirão onde a Abyssinian tem morada. Negros para aqui – com entrada directa – brancos para ali – ficam à espera, uma vez que não vão participar dos serviços.
Não aceito a espera e envergonho-me do meu estatuto de reles mirone. Como existem muitas mais igrejas nas imediações sigo para a próxima, na certeza porém de que o melhor coro de Gospel fica na Abyssinian. Foi assim que fui ter à Mother African Methodist Episcopal Zion Church, logo na rua de trás. Aqui não havia muita gente representativa das duas espécies acima referidas: crentes e turistas. Missa calma, com os crentes a discursarem sobre as suas experiências de vida, conjugal incluida, com o coro a irromper amíude entre as palavras. A calmaria terminou com a intervenção do pastor cujo tom de voz foi num crescendo até que no final do seu discurso certamente se ouviu pelo Central Park afora. Enquanto o pastor falava, o diálogo com os crentes era possível através dos “Yeeh, Yeeh, That´s It” proferidos pelas damas nas primeiras filas. Muita acção, como se vê. A soneca aqui não é tão fácil de tirar enquanto o padre fala.
5 estrelas para o Harlem, o local em NY onde, ao mesmo tempo em que nos sentimos bem, sentimos também que não somos daquele filme.
terça-feira, outubro 25, 2005
NY - Museus
Manhattan tem dos melhores museus do mundo.
Concentrados numa zona, a Museum Mile (Metropolitan Museum of Art, Guggenheim Museum, Neue Gallerie, Frick Collection, Museum of the City of NY, El Museo del Barrio e Whitney Museum of American Art), ou para além dela (MoMA, American Museum of Natural History e Rose Center for Earth & Space). Isto para citar aqueles cujas mostras estão mais próximas dos meus gostos. Infelizmente não foi possível visitar nem metade deles.
Visitei os clássicos: Metropolitan, Guggenheim, MoMa e o Rose Center, este último num edifício recente fantástico como prova de que NY se rejuvenesce arquitectónicamente.
O Metropolitan tem uma das maiores e melhores colecções do mundo, que vai desde templos inteiramente reconstruidos a pinturas, fotografias, tapeçarias e simples objectos, abrangendo a arte americana, europeia, asiática, africana, egípcia, greco-romana, bem como a arte contemporânea. Apesar de as salas do Met não terem uma ligação muito lógica umas às outras e, por isso, seja fácil perder-nos, tive o prazer de descobrir mais sobre Matisse (Matisse: The Fabric of Dreams – His Art and His Textiles), nomeadamente, o seu interesse pelos texteis e a influência que o Norte de África sobre ele produziu. Imperdível no Met é o seu terraço onde, para além do interesse das exibições temporárias que lá são instaladas, se pode ter uma visão do “telhado” do Central Park, composto de árvores e mais árvores, obviamente.
O Guggenheim, com a sua arquitectura reconhecível por quase qualquer habitante deste planeta, foi criado por Frank Lloyd Wright (penso que a sua única obra em Nova Iorque) com o objectivo de servir como museu. Daí que seja muito fácil visitar a sua colecção. À entrada, e por sugestão do arquitecto, deveremos dirigir-nos ao elevador rumo ao seu último andar para depois então iniciarmos a descida pela rampa em espiral. Não há nada que enganar e não corremos o risco de, ao contrário do que acontece no Met, perdermos aquela obra que queriamos mesmo ver. Em Setembro havia estreado uma exposição intitulada “Rússia”, apresentando pinturas desde o Século XIII até aos nossos tempos, abrangendo os painéis de icones, as pinturas dos czares e até umas instalações contemporâneas (bem esquisitas). Estes quadros vieram, assim, juntar-se àqueles de Kadinsky e Chagall (nascido russo) que já eram parte da colecção do Guggenheim.
O MoMA reabriu recentemente (menos de um ano) após uma extensa renovação que praticamente duplicou a sua capacidade. Aqui tudo é em grande, a começar pela fila de visitantes que pretendem visitar o museu na tarde em que a entrada é livre de money. Para isso dispõem de um lote vago ao lado, onde as pessoas se acomodam em voltas e mais voltas. Quando esse lote vir crescer o prédio que lhe falta, os visitantes do museu terão de ir fazer bicha para a 5.ª Avenida. Em relação à sua colecção, foi o museu de que mais gostei. Abrange arquitectura e design, pintura e escultura, desenhos, fotografia e filmes. A roda de bicicleta de Marcel Duchamp está cá, “Les Demoiselles D' Avignon” de Picasso também estão cá, mais um sem fim de obras de Van Gogh, Matisse, Cézanne, Pissaro... O pequeno jardim do MoMA, com algumas esculturas, é lindo e permite-nos usufruir de um cantinho de bom gosto e calma paredes meias com a confusão da grande cidade.
Entre estes 3 museus vi mais Picassos do que os que havia visto no Museu Picasso, em Paris, exclusivamente dedicado ao pintor.
De referir que as lojas dos museus são verdadeiros pontos turísticos e aqui se encontram dos melhores recuerdos que se podem trazer de NY para os amigos.
Concentrados numa zona, a Museum Mile (Metropolitan Museum of Art, Guggenheim Museum, Neue Gallerie, Frick Collection, Museum of the City of NY, El Museo del Barrio e Whitney Museum of American Art), ou para além dela (MoMA, American Museum of Natural History e Rose Center for Earth & Space). Isto para citar aqueles cujas mostras estão mais próximas dos meus gostos. Infelizmente não foi possível visitar nem metade deles.
Visitei os clássicos: Metropolitan, Guggenheim, MoMa e o Rose Center, este último num edifício recente fantástico como prova de que NY se rejuvenesce arquitectónicamente.
O Metropolitan tem uma das maiores e melhores colecções do mundo, que vai desde templos inteiramente reconstruidos a pinturas, fotografias, tapeçarias e simples objectos, abrangendo a arte americana, europeia, asiática, africana, egípcia, greco-romana, bem como a arte contemporânea. Apesar de as salas do Met não terem uma ligação muito lógica umas às outras e, por isso, seja fácil perder-nos, tive o prazer de descobrir mais sobre Matisse (Matisse: The Fabric of Dreams – His Art and His Textiles), nomeadamente, o seu interesse pelos texteis e a influência que o Norte de África sobre ele produziu. Imperdível no Met é o seu terraço onde, para além do interesse das exibições temporárias que lá são instaladas, se pode ter uma visão do “telhado” do Central Park, composto de árvores e mais árvores, obviamente.
O Guggenheim, com a sua arquitectura reconhecível por quase qualquer habitante deste planeta, foi criado por Frank Lloyd Wright (penso que a sua única obra em Nova Iorque) com o objectivo de servir como museu. Daí que seja muito fácil visitar a sua colecção. À entrada, e por sugestão do arquitecto, deveremos dirigir-nos ao elevador rumo ao seu último andar para depois então iniciarmos a descida pela rampa em espiral. Não há nada que enganar e não corremos o risco de, ao contrário do que acontece no Met, perdermos aquela obra que queriamos mesmo ver. Em Setembro havia estreado uma exposição intitulada “Rússia”, apresentando pinturas desde o Século XIII até aos nossos tempos, abrangendo os painéis de icones, as pinturas dos czares e até umas instalações contemporâneas (bem esquisitas). Estes quadros vieram, assim, juntar-se àqueles de Kadinsky e Chagall (nascido russo) que já eram parte da colecção do Guggenheim.
O MoMA reabriu recentemente (menos de um ano) após uma extensa renovação que praticamente duplicou a sua capacidade. Aqui tudo é em grande, a começar pela fila de visitantes que pretendem visitar o museu na tarde em que a entrada é livre de money. Para isso dispõem de um lote vago ao lado, onde as pessoas se acomodam em voltas e mais voltas. Quando esse lote vir crescer o prédio que lhe falta, os visitantes do museu terão de ir fazer bicha para a 5.ª Avenida. Em relação à sua colecção, foi o museu de que mais gostei. Abrange arquitectura e design, pintura e escultura, desenhos, fotografia e filmes. A roda de bicicleta de Marcel Duchamp está cá, “Les Demoiselles D' Avignon” de Picasso também estão cá, mais um sem fim de obras de Van Gogh, Matisse, Cézanne, Pissaro... O pequeno jardim do MoMA, com algumas esculturas, é lindo e permite-nos usufruir de um cantinho de bom gosto e calma paredes meias com a confusão da grande cidade.
Entre estes 3 museus vi mais Picassos do que os que havia visto no Museu Picasso, em Paris, exclusivamente dedicado ao pintor.
De referir que as lojas dos museus são verdadeiros pontos turísticos e aqui se encontram dos melhores recuerdos que se podem trazer de NY para os amigos.
NY - 5.ª Avenida
A 5.ª Avenida atravessa verticalmente quase toda a Manhattan. Começa na Washington Square Park e vai até ao Harlem.
Dai que aquela 5.ª Avenida das lojas exclusivas de que nos acostumámos a ouvir falar exista realmente mas vá muito além disso.
As lojas glamurosas de alta costura estão lá, sim senhor, como a Salvatore Ferragamo, Gucci e Prada, bem como a Cartier e a Tiffany´s Co (as outras emigraram para a Madison Avenue, uma rua ao lado, como a Givenchy, Valentino, Giorgio Armani, Versace, Dona Karan, Dolce & gabbana, Ralph Lauren...).
Bem perto convivem lojas mais populares, como as da Disney e da NBA, e outras que vendem de tudo sem qualquer espécie de glamour, como as inúmeras e desinteressantes lojas de souvenirs.
Exemplares de outras épocas, para além da Catedral de St Patrick´s, resta a mansão onde hoje está instalada a Cartier, ambas encravadas no meio dos prédios. Como o complexo do Rockefeller Center e, principalmente, o Empire State Building – o mais alto de NY. O edifício Flatiron, triangular e estreito, fica também na 5.ª Avenida.
Nesta imensa avenida existe ainda lugar para uma porção designada “Museum Mile”, junto ao Central Park, onde estão instalados alguns dos melhores museus do mundo: Metropolitan Museum of Art, Guggenheim Museum, Neue Gallerie, Frick Collection, Museum of the City of NY, El Museo del Barrio e, na rua ao lado, o Whitney Museum of American Art.
Chega?
Na 5.ª Avenida há espaço para tudo, a exemplo da cidade de NY.
Dai que aquela 5.ª Avenida das lojas exclusivas de que nos acostumámos a ouvir falar exista realmente mas vá muito além disso.
As lojas glamurosas de alta costura estão lá, sim senhor, como a Salvatore Ferragamo, Gucci e Prada, bem como a Cartier e a Tiffany´s Co (as outras emigraram para a Madison Avenue, uma rua ao lado, como a Givenchy, Valentino, Giorgio Armani, Versace, Dona Karan, Dolce & gabbana, Ralph Lauren...).
Bem perto convivem lojas mais populares, como as da Disney e da NBA, e outras que vendem de tudo sem qualquer espécie de glamour, como as inúmeras e desinteressantes lojas de souvenirs.
Exemplares de outras épocas, para além da Catedral de St Patrick´s, resta a mansão onde hoje está instalada a Cartier, ambas encravadas no meio dos prédios. Como o complexo do Rockefeller Center e, principalmente, o Empire State Building – o mais alto de NY. O edifício Flatiron, triangular e estreito, fica também na 5.ª Avenida.
Nesta imensa avenida existe ainda lugar para uma porção designada “Museum Mile”, junto ao Central Park, onde estão instalados alguns dos melhores museus do mundo: Metropolitan Museum of Art, Guggenheim Museum, Neue Gallerie, Frick Collection, Museum of the City of NY, El Museo del Barrio e, na rua ao lado, o Whitney Museum of American Art.
Chega?
Na 5.ª Avenida há espaço para tudo, a exemplo da cidade de NY.
terça-feira, outubro 04, 2005
NY - Chinatown
É como que uma cidade à parte.
Tem uma dimensão em área superior à de muitas sedes de concelho do nosso país. Economicamente e culturalmente então nem se fala. A superioridade é absurda.
Ainda por cima, Chinatown tem vindo a crescer, deixando a Little Italy, mesmo ali ao lado, o mero papel de um enclave (a propósito, em Setembro comemorava-se o Festival de San Gennaro, com os restaurantes e banquinhas de comes e bebes da Mulberry St engalanados para receber os convivas. Assim uma espécie dos nossos Santos Populares em ponto pequenino). Também o Lower Esat Side, tradicionalmente terra dos judeus, tem vindo a ser invadido pelos chineses e vietnamitas que não param de chegar a Nova Iorque.
Os nomes das ruas encontram-se expressos tanto em inglês como em chinês, pelas ruas fala-se mais chinês do que inglês (e do que o espanhol, a língua que dominará daqui a poucos anos) e é tão fácil arranjar um jornal chinês quanto um americano. Vêem-se chineses a conduzir as suas bicicletas, a jogar mahjong nos parques e a praticar tai-chi mesmo ao lado de miúdos que jogam basquete.
A confusão nas ruas é total. A principal e mais movimentada é a Canal St. Quem vai à procura das imitações dos produtos de marca é melhor levar a lição bem estudada, pois é certo que o mais fácil é perder-se nesta imensidão de centro comercial a céu aberto. Aqui tudo se vende, mas o mais interessante aos olhos desta que escreve são mesmo os mini-mercados que por aqui abundam, com produtos estranhíssimos mas, certamente, muito saborosos e com a grande vantagem de nos fazer variar na comidinha do nosso dia a dia.
Tem uma dimensão em área superior à de muitas sedes de concelho do nosso país. Economicamente e culturalmente então nem se fala. A superioridade é absurda.
Ainda por cima, Chinatown tem vindo a crescer, deixando a Little Italy, mesmo ali ao lado, o mero papel de um enclave (a propósito, em Setembro comemorava-se o Festival de San Gennaro, com os restaurantes e banquinhas de comes e bebes da Mulberry St engalanados para receber os convivas. Assim uma espécie dos nossos Santos Populares em ponto pequenino). Também o Lower Esat Side, tradicionalmente terra dos judeus, tem vindo a ser invadido pelos chineses e vietnamitas que não param de chegar a Nova Iorque.
Os nomes das ruas encontram-se expressos tanto em inglês como em chinês, pelas ruas fala-se mais chinês do que inglês (e do que o espanhol, a língua que dominará daqui a poucos anos) e é tão fácil arranjar um jornal chinês quanto um americano. Vêem-se chineses a conduzir as suas bicicletas, a jogar mahjong nos parques e a praticar tai-chi mesmo ao lado de miúdos que jogam basquete.
A confusão nas ruas é total. A principal e mais movimentada é a Canal St. Quem vai à procura das imitações dos produtos de marca é melhor levar a lição bem estudada, pois é certo que o mais fácil é perder-se nesta imensidão de centro comercial a céu aberto. Aqui tudo se vende, mas o mais interessante aos olhos desta que escreve são mesmo os mini-mercados que por aqui abundam, com produtos estranhíssimos mas, certamente, muito saborosos e com a grande vantagem de nos fazer variar na comidinha do nosso dia a dia.
NY - Soho
Soho é um acrónimo para “South of Houston Street”.
À atenção: os nova-iorquinos pronunciam “How-ston”, daí que não seja muito difícil que ocorram algumas barreiras quando se quer dizer o nome desta rua. Nós não entendemos, pelo menos à primeira, e eles topam logo que somos de fora, pelo menos se não pronunciarmos como eles querem o nome da rua em que se baseou o nome Soho.
O Soho preserva uma arquitectura típica, de edifícios de ferro fundido vindos da época industrial. Aqui se encontra a maior concentração de edifícios deste tipo do mundo, cuja preservação deveu-se em grande parte à força que os artistas, e outros, que por volta da década de 50 ocuparam o bairro. Em busca das rendas baixas que os lofts do Soho lhes proporcionavam, descobriram também esta singular arquitectura de ferro fundido, evitando a destruição do bairro pretendida pelos poderes públicos e garantindo, na década de 70, que o bairro viesse a ser legalmente reconhecido e protegido como uma zona histórica.
Apesar dos artistas e da maioria da fauna que lá residia terem fugido mais para baixo, designadamente para Tribeca, é ainda no Soho que se podem vivenciar das melhores experiências em Nova Iorque.
Para além das casas típicas e pictorescas com as escadas de emergência a desempenharem também a função de enfeite dos edifícios, as suas ruas têm algumas das melhores lojas de design da cidade, aí se encontram ainda algumas galerias de arte e também alguma arte urbana, como os grafitis nas paredes. Um dos máximos é a pintura deste prédio, aproveitando uma fachada lisa e sem janelas. Não foram esquecidos os gatinhos à espreita na janela.
O Soho é hoje considerada a meca das compras e é aqui que se podem encontrar as lojas de trapinhos e sapatinhos da moda. Se uma delas não se encontrar a fazer promoções em alguns dos seus produtos, a ideia mais inteligente a tomar é procurar a loja mais próxima, que será mesmo a do lado. Aqui é raro não existir sempre saldos de alguma coisa. Para nos ajudar, este site dá-nos uma ideia do que vai acontecendo em Nova Iorque em matéria de saldos.
E este dá-nos uma ideia da vida no Soho.
À atenção: os nova-iorquinos pronunciam “How-ston”, daí que não seja muito difícil que ocorram algumas barreiras quando se quer dizer o nome desta rua. Nós não entendemos, pelo menos à primeira, e eles topam logo que somos de fora, pelo menos se não pronunciarmos como eles querem o nome da rua em que se baseou o nome Soho.
O Soho preserva uma arquitectura típica, de edifícios de ferro fundido vindos da época industrial. Aqui se encontra a maior concentração de edifícios deste tipo do mundo, cuja preservação deveu-se em grande parte à força que os artistas, e outros, que por volta da década de 50 ocuparam o bairro. Em busca das rendas baixas que os lofts do Soho lhes proporcionavam, descobriram também esta singular arquitectura de ferro fundido, evitando a destruição do bairro pretendida pelos poderes públicos e garantindo, na década de 70, que o bairro viesse a ser legalmente reconhecido e protegido como uma zona histórica.
Apesar dos artistas e da maioria da fauna que lá residia terem fugido mais para baixo, designadamente para Tribeca, é ainda no Soho que se podem vivenciar das melhores experiências em Nova Iorque.
Para além das casas típicas e pictorescas com as escadas de emergência a desempenharem também a função de enfeite dos edifícios, as suas ruas têm algumas das melhores lojas de design da cidade, aí se encontram ainda algumas galerias de arte e também alguma arte urbana, como os grafitis nas paredes. Um dos máximos é a pintura deste prédio, aproveitando uma fachada lisa e sem janelas. Não foram esquecidos os gatinhos à espreita na janela.
O Soho é hoje considerada a meca das compras e é aqui que se podem encontrar as lojas de trapinhos e sapatinhos da moda. Se uma delas não se encontrar a fazer promoções em alguns dos seus produtos, a ideia mais inteligente a tomar é procurar a loja mais próxima, que será mesmo a do lado. Aqui é raro não existir sempre saldos de alguma coisa. Para nos ajudar, este site dá-nos uma ideia do que vai acontecendo em Nova Iorque em matéria de saldos.
E este dá-nos uma ideia da vida no Soho.
sexta-feira, setembro 30, 2005
NY - Empire State Building
Alguém disse um dia que "You can live in New York all your life, but until you see it from the top of the Empire State Building, you haven't seen the city." (Podes viver a tua vida toda em NY, mas até a veres do topo do Empire State Building, ainda não conheceste a cidade).
A subida ao Empire State Building é mesmo obrigatória. Do topo tem-se não só a visão dos pássaros como também a visão que o King Kong já teve quando escalou o edifício e a visão que têm os astronautas quando disparam para alturas infinitas.
À data da sua construção, em 1931 (demorou menos de 2 anos a ser concluído), o Empire State era o edifício mais alto de Nova Iorque (e do mundo), destronando o Chrysler. Em 1973 perdeu esse posto para as Torres Gémeas do World Trade Center, entretanto recuperado pela implosão destas, em 2001, derivada dos ataques terroristas de que foram alvo.
São 381 metros de altura, 102 andares. Intitulado a Catedral dos Céus, e é bem verdade, pois daqui toca-se as nuvens e os céus. E parece que se toca também todos os outros arranha-céus da cidade, com os prédios de 9 e 10 andares reduzidos a uma qualidade próxima do tamanho das formiguinhas. Daquela altura, porém, consegue-se distinguir os táxis amarelos, omnipresentes por toda a cidade.
A vista é deslumbrante e fantástica, palavras sobejamente repetidas. Um bom exercício é procurar detectar os vários edifícios simbólicos da cidade e os contornos dos bairros. A nossa vista alcança quase até ao infinito e sabemos que a altura a que estamos do solo é também ela quase infinita.
A melhor altura do dia para subir até ao Empire State é o fim da tarde, quando ainda temos a luz natural, mas nos preparamos para receber a noite e as luzes dos prédios, das pontes, da rua e dos carros começam a acender.
O Empire State é um edifício comercial na sua base e de escritórios nos restantes andares. Como foi construído e concluído pela altura da grande depressão de 1929, grande parte dos seus escritórios permaneceram vazios durante mais de 10 anos. Para poder fazer face aos custos correntes do imenso edifício, os seus proprietários tomaram a decisão de abrir a plataforma de observação ao público.
O seu interior comercial tem corredore escuros e um ar pesadão, com muito mármore, como a maioria dos edifícios da 1.ª metade do século passado em NY. O seu lobby é em arte deco.
A iluminação dos últimos 30 andares vai mudando de cores conforme a época do ano e/ou determinado evento que se pretende celebrar. Pela época do Natal, as cores adoptadas são o encarnado e o verde, o que quer dizer que os americanos não perdem tempo, pois estas eram as cores que se observavam no Empire State Building em meados de Setembro.
A título de curiosidade, existe uma corrida anual intitulada de “Empire State Building Run-Up”. Vêm pessoas de todo o mundo para subir os 1576 degraus até à plataforma de observação no 86.º andar. O recorde masculino está fixado em 9:33m e o feminino em 11:51.
Interessantes as coisas para que um dos edifícios mais altos do mundo podem servir.
A subida ao Empire State Building é mesmo obrigatória. Do topo tem-se não só a visão dos pássaros como também a visão que o King Kong já teve quando escalou o edifício e a visão que têm os astronautas quando disparam para alturas infinitas.
À data da sua construção, em 1931 (demorou menos de 2 anos a ser concluído), o Empire State era o edifício mais alto de Nova Iorque (e do mundo), destronando o Chrysler. Em 1973 perdeu esse posto para as Torres Gémeas do World Trade Center, entretanto recuperado pela implosão destas, em 2001, derivada dos ataques terroristas de que foram alvo.
São 381 metros de altura, 102 andares. Intitulado a Catedral dos Céus, e é bem verdade, pois daqui toca-se as nuvens e os céus. E parece que se toca também todos os outros arranha-céus da cidade, com os prédios de 9 e 10 andares reduzidos a uma qualidade próxima do tamanho das formiguinhas. Daquela altura, porém, consegue-se distinguir os táxis amarelos, omnipresentes por toda a cidade.
A vista é deslumbrante e fantástica, palavras sobejamente repetidas. Um bom exercício é procurar detectar os vários edifícios simbólicos da cidade e os contornos dos bairros. A nossa vista alcança quase até ao infinito e sabemos que a altura a que estamos do solo é também ela quase infinita.
A melhor altura do dia para subir até ao Empire State é o fim da tarde, quando ainda temos a luz natural, mas nos preparamos para receber a noite e as luzes dos prédios, das pontes, da rua e dos carros começam a acender.
O Empire State é um edifício comercial na sua base e de escritórios nos restantes andares. Como foi construído e concluído pela altura da grande depressão de 1929, grande parte dos seus escritórios permaneceram vazios durante mais de 10 anos. Para poder fazer face aos custos correntes do imenso edifício, os seus proprietários tomaram a decisão de abrir a plataforma de observação ao público.
O seu interior comercial tem corredore escuros e um ar pesadão, com muito mármore, como a maioria dos edifícios da 1.ª metade do século passado em NY. O seu lobby é em arte deco.
A iluminação dos últimos 30 andares vai mudando de cores conforme a época do ano e/ou determinado evento que se pretende celebrar. Pela época do Natal, as cores adoptadas são o encarnado e o verde, o que quer dizer que os americanos não perdem tempo, pois estas eram as cores que se observavam no Empire State Building em meados de Setembro.
A título de curiosidade, existe uma corrida anual intitulada de “Empire State Building Run-Up”. Vêm pessoas de todo o mundo para subir os 1576 degraus até à plataforma de observação no 86.º andar. O recorde masculino está fixado em 9:33m e o feminino em 11:51.
Interessantes as coisas para que um dos edifícios mais altos do mundo podem servir.
quinta-feira, setembro 29, 2005
NY - Ponte de Brooklyn
É um dos símbolos de Nova Iorque.
O engenheiro que a concebeu, John A. Roebling morreu imediatamente antes do início das obras, e o seu filho é que viria a acompanhar e dirigir as obras, apesar de também ele ter tido um acidente que o deixou paralisado durante a construção.
Foi uma empreitada atribulada e dramática, na qual terão morrido cerca de 20 homens, a maioria dos quais devido à síndrome do mergulhador, causada pela descompressão.
Demorou 14 anos até ficar concluída, em 1883, passando a ligar Manhattan ao Brooklyn (até aí uma cidade independente) sobre o Rio East. Nessa altura era a maior ponte suspensa do mundo e a primeira de aço. As suas torres tinham, e têm, 276 pés de altura (aproximadamente 93m), sendo que quando foi construída o edifício mais alto da cidade tinha 281 pés e era a Trinity Church (vendo-a agora esmagada entre os arranha-céus, bem se vê o quão velhota e sobrevivente é a Ponte e a própria igreja).
A Ponte de Brooklyn costuma ser lugar de todo o tipo de protestos. Mas não só. É palco tradicional para a celebração do 4 de Julho – dia da independência – com fogo-de-artíficio que deixa a Ponte com uma iluminação diferente. Ficou, ainda, no imaginário da presente geração que assistiu aos nova-iorquinos a caminharem sobre a Ponte, em fuga desesperada, aquando dos atentados do 11 de Setembro de 2001.
Dizem ser a Ponte mais bonita do mundo. Pelo que observei, e pela possibilidade não tão comum de se poder atravessá-la caminhando, concordo (recordo a meia-maratona de Lisboa, em Março, único momento em que podemos atravessar a nossa Ponte 25 de Abril e, se nos deixarmos ficar para trás, fruir com toda a calma do mundo o Tejo e Lisboa).
Para além da sua beleza arquitectónica, com o emaranhado dos seus cabos de aço, o facto de a Ponte de Brooklyn não pensar apenas nos carros, contemplando uma via superior só para os peões (com as bicicletas ao lado), torna-a imbatível também no quesito carisma. São cerca de 1,5km de uma caminhada que, se for efectuada à “hora do rush”, nos permite ver o zunzun de carros lá em baixo e de pessoas junto a nós.
Uma vez atravessada a Ponte no sentido para Brooklyn, e já que estamos em Brooklyn propriamente dito, é imperdível a vista do skyline de Manhattan desde a Brooklyn Heights Promenade.
A Ponte de Brooklyn, a atestar o facto de ter já sido considerada a 8.ª maravilha do mundo, inspirou inúmeros artistas e foi por diversas vezes cantada, quer em verso, quer em prosa. Walt Whitman deixou escrito em poema que a bonita vista de cima da ponte é “o melhor remédio para a alma”. Jack Kerouac escreveu “The Brooklyn Bridge Blues”. Outros representaram-na na tela, como foi o caso de Georgia O´Keefe e de Joseph Stella.
O engenheiro que a concebeu, John A. Roebling morreu imediatamente antes do início das obras, e o seu filho é que viria a acompanhar e dirigir as obras, apesar de também ele ter tido um acidente que o deixou paralisado durante a construção.
Foi uma empreitada atribulada e dramática, na qual terão morrido cerca de 20 homens, a maioria dos quais devido à síndrome do mergulhador, causada pela descompressão.
Demorou 14 anos até ficar concluída, em 1883, passando a ligar Manhattan ao Brooklyn (até aí uma cidade independente) sobre o Rio East. Nessa altura era a maior ponte suspensa do mundo e a primeira de aço. As suas torres tinham, e têm, 276 pés de altura (aproximadamente 93m), sendo que quando foi construída o edifício mais alto da cidade tinha 281 pés e era a Trinity Church (vendo-a agora esmagada entre os arranha-céus, bem se vê o quão velhota e sobrevivente é a Ponte e a própria igreja).
A Ponte de Brooklyn costuma ser lugar de todo o tipo de protestos. Mas não só. É palco tradicional para a celebração do 4 de Julho – dia da independência – com fogo-de-artíficio que deixa a Ponte com uma iluminação diferente. Ficou, ainda, no imaginário da presente geração que assistiu aos nova-iorquinos a caminharem sobre a Ponte, em fuga desesperada, aquando dos atentados do 11 de Setembro de 2001.
Dizem ser a Ponte mais bonita do mundo. Pelo que observei, e pela possibilidade não tão comum de se poder atravessá-la caminhando, concordo (recordo a meia-maratona de Lisboa, em Março, único momento em que podemos atravessar a nossa Ponte 25 de Abril e, se nos deixarmos ficar para trás, fruir com toda a calma do mundo o Tejo e Lisboa).
Para além da sua beleza arquitectónica, com o emaranhado dos seus cabos de aço, o facto de a Ponte de Brooklyn não pensar apenas nos carros, contemplando uma via superior só para os peões (com as bicicletas ao lado), torna-a imbatível também no quesito carisma. São cerca de 1,5km de uma caminhada que, se for efectuada à “hora do rush”, nos permite ver o zunzun de carros lá em baixo e de pessoas junto a nós.
Uma vez atravessada a Ponte no sentido para Brooklyn, e já que estamos em Brooklyn propriamente dito, é imperdível a vista do skyline de Manhattan desde a Brooklyn Heights Promenade.
A Ponte de Brooklyn, a atestar o facto de ter já sido considerada a 8.ª maravilha do mundo, inspirou inúmeros artistas e foi por diversas vezes cantada, quer em verso, quer em prosa. Walt Whitman deixou escrito em poema que a bonita vista de cima da ponte é “o melhor remédio para a alma”. Jack Kerouac escreveu “The Brooklyn Bridge Blues”. Outros representaram-na na tela, como foi o caso de Georgia O´Keefe e de Joseph Stella.
quarta-feira, setembro 28, 2005
NY - Vida de Rua
Um dos aspectos mais interessantes de Nova Iorque é a vida que se sente pelas suas ruas. Com o multiculturalismo, que a torna uma cidade cosmopolita, parece que passamos de uma cidade para outra em questão de quarteirões. Mas, à parte as aves raras das Madison e 5.ª Avs e dos vários bairros étnicos, o que é bonito de ver é também os pequenos grupos, ou artistas a solo, que decidem animar quem passa.
No Central Park alguém tomou a iniciativa de vedar uma área, ligar o rádio, alugar uns patins e determinar que se dançasse com as rodinhas debaixo dos pés. Era com cada cromo! Eu nem sem patins conseguiria mexer o corpo daquela maneira. Muito cool!
Outros optaram pelas danças com o pé no chão (excepto quando pulavavam muitos metros acima dele). Cativando os que passavam para que participassem no show e tentassem fazer os malabarismos que eles faziam.
Uma das coisas que impressionou pela negativa foi ver a quantidade de sem-abrigo que dormem pelas ruas. De dia andam de um lado para o outro com os seus pertences que cabem numa simples mala. De noite estendem-se no chão improvisando a sua casa e a sua cama. Alguns com óptimo aspecto (o que é isso de valorar o aspecto numa cidade em que ninguém olha para ninguém ou, pelo menos, finge não olhar?).
Também se vêem muitos a andar durante o dia sem rumo, falando sozinhos.
Talvez a terra das oportunidades seja também a terra em que mais nos encontramos pressionados para alcançar o sucesso. Daí à loucura será um passo. Ou terei ficado com uma imagem errada?
No Central Park alguém tomou a iniciativa de vedar uma área, ligar o rádio, alugar uns patins e determinar que se dançasse com as rodinhas debaixo dos pés. Era com cada cromo! Eu nem sem patins conseguiria mexer o corpo daquela maneira. Muito cool!
Outros optaram pelas danças com o pé no chão (excepto quando pulavavam muitos metros acima dele). Cativando os que passavam para que participassem no show e tentassem fazer os malabarismos que eles faziam.
Uma das coisas que impressionou pela negativa foi ver a quantidade de sem-abrigo que dormem pelas ruas. De dia andam de um lado para o outro com os seus pertences que cabem numa simples mala. De noite estendem-se no chão improvisando a sua casa e a sua cama. Alguns com óptimo aspecto (o que é isso de valorar o aspecto numa cidade em que ninguém olha para ninguém ou, pelo menos, finge não olhar?).
Também se vêem muitos a andar durante o dia sem rumo, falando sozinhos.
Talvez a terra das oportunidades seja também a terra em que mais nos encontramos pressionados para alcançar o sucesso. Daí à loucura será um passo. Ou terei ficado com uma imagem errada?
NY - Central Park
A ideia da construção de um imenso jardim para o povo surgiu em 1850, tendo por base a imagem dos grandes parques públicos de Londres e Paris. Se os 843 acres do Parque pareciam uma enormidade na altura, hoje então, com a ditatura do cimento, pareceria impossível implementar uma ideia inovadora como esta. Mas o mais incrível é que, após 150 anos, permanecem os 34,2 km2 de verde em pleno coração da cidade que, provavelmente, tem o m2 mais caro do mundo. E o Central Park fica, literalmente, paredes meias com a luxuosa 5.ª Avenida.
O que só vem reforçar ainda mais a ideia de que em Nova Iorque há espaço para todos
É de facto um privilégio que os nova iorquinos, e todos os visitantes, têm à sua disposição. Um verdadeiro oásis rodeado de prédios imensos, com o louco trânsito do lado de fora a milhas dos nossos ouvidos e da nossa mente. No entanto, na realidade, só nos fins-de-semana é que o trânsito não atravessa o Parque do East para o West Side, e vice-versa. Mas nem isso quebra o sossego dos pedestres, pois na concepção do Parque pretendeu-se que os trilhos para os pedestres e as vias para os carros ficassem separadas de forma a que nunca se cruzassem.
No Parque existem cerca de 93km de caminhos para percorrer e explorar, entre pontes e fontes, lagos, vida animal e vegetal. E inúmeros desportos e actividades para nos entreter.
Como teatro, no Delacorte, ao ar livre, que recebe anualmente pelo Verão a produção “Shakespeare in the Park”.
E música, com aqueles concertos que nos habituámos a ver com o público a prolongar-se por kms e kms.
É também palco para a instalação de várias obras de arte. Como foi o caso, em Fevereiro último, da criação dos artistas Christo e Jeanne-Claude, conhecidos por embrulhar diversos edifícios (como o Reichstag, em Berlim, e a Ponte Neuf, em Paris) ou até mesmo ilhas. No Central Park, com o seu projecto "The Gates" optaram por desfraldar 7,5 mil bandeiras de tom açafrão por cerca de 36 km. A opção do mês de Fevereiro para realizar a instalação deveu-se ao facto, segundo os autores, de este ser o único mês do ano em que as árvores se encontram nuinhas, sem as suas folhas, pelo que assim se poderia ver o colorido dos “portões” de longe.
Este Inverno, e por alguns dias, serviu então para dar outra cor e luz ao Parque, já que nessa época do ano o Central Park muda de cara. Os lagos ficam congelados e a neve que enche os seus caminhos possibilita que se esquie.
Quanto à minha experiência pelo Central Park, escolhi um domingo para aí passear, à semelhança do que fizeram muitos nova-iorquinos. Uns corriam, pedalavam – em 2, 3 ou 4 rodas –, patinavam – com ou sem stick de hockei na mão – ou, simplesmente, caminhavam. Outros, sentados ou deitados, apanhavam sol, vestidos ou em calções ou biquini. Havia quem preferisse relaxar na relva a ouvir a música tocada ao vivo por um daqueles artistas com viola a tira-colo que animam os domingueiros. Ambiente de 5 estrelas, pois então. Um dos aspectos que mais marcou foi ver pessoas – ao domingo – a praticarem o seu exercício em grupo ou sozinhos. Não há companhia no dia que alguém destinou dedicar à família? Não faz mal, o que importa é aproveitar os raios de sol no parque mais carismático do mundo.
O que só vem reforçar ainda mais a ideia de que em Nova Iorque há espaço para todos
É de facto um privilégio que os nova iorquinos, e todos os visitantes, têm à sua disposição. Um verdadeiro oásis rodeado de prédios imensos, com o louco trânsito do lado de fora a milhas dos nossos ouvidos e da nossa mente. No entanto, na realidade, só nos fins-de-semana é que o trânsito não atravessa o Parque do East para o West Side, e vice-versa. Mas nem isso quebra o sossego dos pedestres, pois na concepção do Parque pretendeu-se que os trilhos para os pedestres e as vias para os carros ficassem separadas de forma a que nunca se cruzassem.
No Parque existem cerca de 93km de caminhos para percorrer e explorar, entre pontes e fontes, lagos, vida animal e vegetal. E inúmeros desportos e actividades para nos entreter.
Como teatro, no Delacorte, ao ar livre, que recebe anualmente pelo Verão a produção “Shakespeare in the Park”.
E música, com aqueles concertos que nos habituámos a ver com o público a prolongar-se por kms e kms.
É também palco para a instalação de várias obras de arte. Como foi o caso, em Fevereiro último, da criação dos artistas Christo e Jeanne-Claude, conhecidos por embrulhar diversos edifícios (como o Reichstag, em Berlim, e a Ponte Neuf, em Paris) ou até mesmo ilhas. No Central Park, com o seu projecto "The Gates" optaram por desfraldar 7,5 mil bandeiras de tom açafrão por cerca de 36 km. A opção do mês de Fevereiro para realizar a instalação deveu-se ao facto, segundo os autores, de este ser o único mês do ano em que as árvores se encontram nuinhas, sem as suas folhas, pelo que assim se poderia ver o colorido dos “portões” de longe.
Este Inverno, e por alguns dias, serviu então para dar outra cor e luz ao Parque, já que nessa época do ano o Central Park muda de cara. Os lagos ficam congelados e a neve que enche os seus caminhos possibilita que se esquie.
Quanto à minha experiência pelo Central Park, escolhi um domingo para aí passear, à semelhança do que fizeram muitos nova-iorquinos. Uns corriam, pedalavam – em 2, 3 ou 4 rodas –, patinavam – com ou sem stick de hockei na mão – ou, simplesmente, caminhavam. Outros, sentados ou deitados, apanhavam sol, vestidos ou em calções ou biquini. Havia quem preferisse relaxar na relva a ouvir a música tocada ao vivo por um daqueles artistas com viola a tira-colo que animam os domingueiros. Ambiente de 5 estrelas, pois então. Um dos aspectos que mais marcou foi ver pessoas – ao domingo – a praticarem o seu exercício em grupo ou sozinhos. Não há companhia no dia que alguém destinou dedicar à família? Não faz mal, o que importa é aproveitar os raios de sol no parque mais carismático do mundo.
O Top Pessoal de Nova Iorque
Pretendia estabelecer um género de top-10 das coisas que mais me marcaram em Nova Iorque, mas como só 10 não chega para abarcar tudo vou tentar elencar os meus ++, sem qualquer intenção de graduação.
terça-feira, setembro 27, 2005
De quem são os bairros em Manhattan
Uma das características de Nova Iorque, em especial Manhattan, é o facto de aqui existir espaço para todas as pessoas e culturas. Brancos, pretos, mulatos, amarelos e queimados da praia. De todos os credos e sem credo. Ricos, remediados e pobres. Trabalhadores e desocupados. Bem vestidos, mal vestidos, com grande predominância para o casual.
Não sei se deste caldeirão sairá um bom cozinhado, tenho esperança e desejo que sim. Todavia, acredito que existam problemas sociais graves, mas o facto é que para um viajante de fora sabe bem sentir-se confortável no meio de uma multidão de diferentes coloridos.
O Lower Manhattan é dos yuppies, dos homens de negócios.
Um pouco acima é território de chineses, italianos, judeus, ucranianos (com a Chinatown com um crescimento imparável sobre os vizinhos).
Tribeca, Soho e Village (East e West), antigo berço da contracultura e da geração beat, segue com um carisma muito próprio, com bares e restaurantes (étnicos) sempre em alta.
Chelsea é dos galeristas de arte, em fuga da subida das rendas no Soho.
Midtown é dos turistas em compras pela 5.ª Avenida, em visita a alguns dos edifícios mais emblemáticos da ilha, enchendo a Times Square com ainda mais cor após o final dos espectáculos da Broadway.
Os Upper East e West Sides, com o Central Park a dividi-los, são lugares onde vivem os nova-iorquinos de mais posses – diz-se que os do East são mais conservadores e têm mais dólares e os do West são mais liberais e têm mais queda para as artes.
O Central Park é dos desportistas (praticamente qualquer desporto tem aqui lugar) e daqueles que gostam de passear sem as montras como obsessão.
Depois, bem, depois vem logo o Harlem, o mítico “neighborhood” a dois passos do Central Park. Este ainda é o lugar do gospel, do Apollo Theater e de grande maioria negra.
Os latinos, esses, estão por todo o lado. Daí que qualquer pessoa que não saiba falar inglês se oriente por aqui às mil maravilhas (sem ponta de exagero) se falar espanhol.
Em conclusão, um pouco de estatística acerca desta diversidade:
Dos 8 milhões de habitantes (nos 5 grandes bairros de NY – Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island), 62% são brancos, 16% pretos, 15% latinos e 5,5% asiáticos. Estima-se que uns 32% da população nova-iorquina tenha nascido fora dos EUA.
sexta-feira, setembro 02, 2005
O Rio de Janeiro continua (sempre) lindo
Não parece, mas é.
Depois de 10 meses de blogue, pela 1.ª vez se fez menção à cidade mais linda do mundo: o RIO DE JANEIRO (com o pôr do sol do seu Arpex).
O problema é que tinha receio de começar a escrever um pouco sobre o assunto e nunca mais parar com tantos elogios.
Quem sabe se aguento mais um pouco até fazer um ano de blogue para comemorar com algumas notas da minha (e da minha mana) cidade favorita...
Depois de 10 meses de blogue, pela 1.ª vez se fez menção à cidade mais linda do mundo: o RIO DE JANEIRO (com o pôr do sol do seu Arpex).
O problema é que tinha receio de começar a escrever um pouco sobre o assunto e nunca mais parar com tantos elogios.
Quem sabe se aguento mais um pouco até fazer um ano de blogue para comemorar com algumas notas da minha (e da minha mana) cidade favorita...
O Sol
Após uma breve temporada a sair de casa às 7:00 da manhã para ir trabalhar, retirei algo de positivo desta experiência madrugadora.
Poder assistir a parte do nascer do sol é enriquecedor e, sei-o agora, ajuda a encarar de uma forma mais bem disposta uma jornada de trabalho. Com a sorte que temos tido com este Verão de céu sempre claro, então, o sol a querer irromper torna-se ainda mais bonito.
Se do nosso Rio Tejo esperamos coisas lindas, sendo o sol a nascer daí apenas uma das maravilhas que dele podemos retirar, da zona de Odivelas e Santo António dos Cavaleiros pouca coisa se pode esperar em termos de enquadramento paisagístico. Essa foi a descoberta: saindo do Túnel do Grilo em direcção a estas localidades com o sol a querer nascer lá para aquelas bandas, bem cedinho pela manhã, faz-nos acreditar que aquela confusão de prédios até pode ser interessante se, por exemplo, nos seus vidros visualizarmos o espelho do sol.
Não há fotos, pois trabalho é trabalho e conhaque é conhaque, mas, após umas manhãs de recuperação do sono, quem sabe não volto a sair de madrugada para ir assistir ao nascer do sol completo? Talvez de um dos montes de Unhos ou Santa Iria da Azóia, para nos provar que cada zona tem as suas vantagens e encantos.
Para se assistir a um pôr do sol não precisamos de massacrar o nosso corpinho, interrompendo abruptamente o seu sono. Daí que seja mais fácil dele obter fotos, como esta da “geral” do Arpoador – por muitos considerado, sem medo de errar ou andar longe da verdade, o melhor pôr do sol do mundo.
Ou esta, da “bela” Quarteira, reforçando a supremacia da beleza da natureza, vencendo mesmo naqueles lugares em que o Homem fez questão de deixar a sua marca negativa.
Poder assistir a parte do nascer do sol é enriquecedor e, sei-o agora, ajuda a encarar de uma forma mais bem disposta uma jornada de trabalho. Com a sorte que temos tido com este Verão de céu sempre claro, então, o sol a querer irromper torna-se ainda mais bonito.
Se do nosso Rio Tejo esperamos coisas lindas, sendo o sol a nascer daí apenas uma das maravilhas que dele podemos retirar, da zona de Odivelas e Santo António dos Cavaleiros pouca coisa se pode esperar em termos de enquadramento paisagístico. Essa foi a descoberta: saindo do Túnel do Grilo em direcção a estas localidades com o sol a querer nascer lá para aquelas bandas, bem cedinho pela manhã, faz-nos acreditar que aquela confusão de prédios até pode ser interessante se, por exemplo, nos seus vidros visualizarmos o espelho do sol.
Não há fotos, pois trabalho é trabalho e conhaque é conhaque, mas, após umas manhãs de recuperação do sono, quem sabe não volto a sair de madrugada para ir assistir ao nascer do sol completo? Talvez de um dos montes de Unhos ou Santa Iria da Azóia, para nos provar que cada zona tem as suas vantagens e encantos.
Para se assistir a um pôr do sol não precisamos de massacrar o nosso corpinho, interrompendo abruptamente o seu sono. Daí que seja mais fácil dele obter fotos, como esta da “geral” do Arpoador – por muitos considerado, sem medo de errar ou andar longe da verdade, o melhor pôr do sol do mundo.
Ou esta, da “bela” Quarteira, reforçando a supremacia da beleza da natureza, vencendo mesmo naqueles lugares em que o Homem fez questão de deixar a sua marca negativa.
quarta-feira, agosto 24, 2005
Barrocal Algarvio
O Algarve tem três áreas distintas em termos geográficos. O litoral, o barrocal e a serra. Este post é uma deambulação pelo barrocal algarvio, a área de transição entre o litoral e a serra do Caldeirão.
Esta área, conjuntamente com a serrana, em determinados momentos, dá a sensação que parou no tempo. Se para as gentes locais isso nem sempre é positivo, para os forasteiros é interessante, na medida em que podem observar e sentir uma paisagem próxima da original.
É um pouco indiferente por onde se começa o percurso. O importante mesmo é começar.
Então vamos lá. Paderne é a primeira paragem. Passando a povoação propriamente dita, uns kms mais à frente e depois de algum pó chega-se às ruínas do castelo (classificado como imóvel de interesse público). O castelo, construído em taipa, fica num cabeço rodeado por uma vegetação mediterrânica (oliveiras, figueiras e alfarrobeiras) e pela ribeira da Quarteira - que nem sempre corre devido ao regime de chuvas irregular – sobre a qual passa uma ponte arcaica. Pode-se explorar a área envolvente ao castelo através dos diversos percursos pedestres existentes.
Actualmente o castelo encontra-se num estado muito degradado mas estão a decorrer obras no sentido de melhorar a situação. Apesar disso justifica-se uma visita pois o castelo de Paderne, devido à importância que teve na Conquista, é um dos sete castelos que figuram na bandeira nacional.
O ponto seguinte é Alte, em tempos considerada a aldeia mais algarvia do Algarve. Encanta o emaranhado de ruelas estreitas e o casario tradicional.
Para além de um deambular pelas ruazinhas, merece visita a Fonte Grande e a Fonte Pequena, onde se homenageia o poeta Cândido Guerreiro.
Outra atracção, ao que parece, pois não tive a felicidade de comprovar devido ao inverno seco deste ano, é a queda de água do Pego do Vigário.
Salir é a paragem seguinte. Diz a lenda que quando atacados por D. Paio Peres Correia, os mouros que defendiam a muralha começaram a gritar “Salir! Salir!”, o que em português arcaico significava sair. Ficou o toponímo, assim como alguns vestígios do castelo mouro. Mas o encanto da povoação vem sobretudo da harmonia do conjunto urbano composto pela arquitectura tradicional.
Continuando o périplo encontramos no topo de um monte a aldeia de Querença. Lá bem no alto fica a bela igreja matriz e pela encosta abaixo encontra-se o casario pitoresco.
Nas imediações fica a Fonte da Benémola, uma zona do barrocal algarvio praticamente intacta. Este sítio classificado desenvolve-se ao longo da ribeira de Benémola e caracteriza-se pela paisagem rica e original do barrocal algarvio, que inclui salgueiros e freixos. Lugar muito bonito e agradável para percorrer a pé.
Um pouco fora desta rota mas inserido na área em referência encontra-se o Cerro de S. Miguel. Do alto deste monte com 410 m avista-se uma parte significativa do Algarve. Em frente Olhão e a ilha do Farol. Para oeste a ilha de Faro. Para este a ilha da Armona e ao fundo Tavira e a sua ilha. A noroeste Loulé. Uma vista algarvia tão boa e abrangente como esta só mesmo a que se tem de Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902 m), no barlavento algarvio.
Esta área, conjuntamente com a serrana, em determinados momentos, dá a sensação que parou no tempo. Se para as gentes locais isso nem sempre é positivo, para os forasteiros é interessante, na medida em que podem observar e sentir uma paisagem próxima da original.
É um pouco indiferente por onde se começa o percurso. O importante mesmo é começar.
Então vamos lá. Paderne é a primeira paragem. Passando a povoação propriamente dita, uns kms mais à frente e depois de algum pó chega-se às ruínas do castelo (classificado como imóvel de interesse público). O castelo, construído em taipa, fica num cabeço rodeado por uma vegetação mediterrânica (oliveiras, figueiras e alfarrobeiras) e pela ribeira da Quarteira - que nem sempre corre devido ao regime de chuvas irregular – sobre a qual passa uma ponte arcaica. Pode-se explorar a área envolvente ao castelo através dos diversos percursos pedestres existentes.
Actualmente o castelo encontra-se num estado muito degradado mas estão a decorrer obras no sentido de melhorar a situação. Apesar disso justifica-se uma visita pois o castelo de Paderne, devido à importância que teve na Conquista, é um dos sete castelos que figuram na bandeira nacional.
O ponto seguinte é Alte, em tempos considerada a aldeia mais algarvia do Algarve. Encanta o emaranhado de ruelas estreitas e o casario tradicional.
Para além de um deambular pelas ruazinhas, merece visita a Fonte Grande e a Fonte Pequena, onde se homenageia o poeta Cândido Guerreiro.
Outra atracção, ao que parece, pois não tive a felicidade de comprovar devido ao inverno seco deste ano, é a queda de água do Pego do Vigário.
Salir é a paragem seguinte. Diz a lenda que quando atacados por D. Paio Peres Correia, os mouros que defendiam a muralha começaram a gritar “Salir! Salir!”, o que em português arcaico significava sair. Ficou o toponímo, assim como alguns vestígios do castelo mouro. Mas o encanto da povoação vem sobretudo da harmonia do conjunto urbano composto pela arquitectura tradicional.
Continuando o périplo encontramos no topo de um monte a aldeia de Querença. Lá bem no alto fica a bela igreja matriz e pela encosta abaixo encontra-se o casario pitoresco.
Nas imediações fica a Fonte da Benémola, uma zona do barrocal algarvio praticamente intacta. Este sítio classificado desenvolve-se ao longo da ribeira de Benémola e caracteriza-se pela paisagem rica e original do barrocal algarvio, que inclui salgueiros e freixos. Lugar muito bonito e agradável para percorrer a pé.
Um pouco fora desta rota mas inserido na área em referência encontra-se o Cerro de S. Miguel. Do alto deste monte com 410 m avista-se uma parte significativa do Algarve. Em frente Olhão e a ilha do Farol. Para oeste a ilha de Faro. Para este a ilha da Armona e ao fundo Tavira e a sua ilha. A noroeste Loulé. Uma vista algarvia tão boa e abrangente como esta só mesmo a que se tem de Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902 m), no barlavento algarvio.
sexta-feira, agosto 05, 2005
Estói Bonita
Fugindo ao Algarve clássico, da praia, estâncias turísticas, encontra-se Estói, uma vila histórica que pertence ao concelho de Faro.
Embora seja uma pequena localidade merece uma visita pois tem dois pontos de grande interesse, as ruínas romanas de Milreu e o Palácio de Estói.
Milreu, classificada como Monumento Nacional, foi uma villa romana (século I/IV d.C.). Era conhecida como Ossonoba pelos romanos entre os séculos II e VI d.C. e foi o antecedente do que hoje é Faro.
Actualmente na estação arqueológica sobressai um antigo templo dedicado a divindades aquáticas datado do século IV d.C., algumas colunas de mármore, tanques decorados com mosaicos com peixes, desenhos geométricos, termas.
Colunas e Templo dedicado às divindades aquáticas ao fundo
Mosaicos com peixes
Mosaicos com desenhos geométricos
Pensa-se que, depois de diversos usos, na primeira metade do século X as abóbadas ruíram e Milreu foi abandonada. Porém, no século XVI, foi erguida uma casa sobre as ruínas abandonadas. Actualmente, essa casa, que é um exemplar arquitectónico daquela época, apresenta no seu interior, ao nível do subsolo, vestígios da antiga ocupação romana.
O Palácio de Estói, também classificado (Imóvel de Interesse Público), foi construído no século XVIII e combina os estilos neorococó, neoclássico e arte nova.
O acesso ao recinto faz-se por um portão de ferro forjado, ao qual se segue uma avenida ladeada por árvores. O primeiro conjunto de edifícios que se encontra são os estábulos, que estão abandonados. Continuando chega-se ao palácio.
Porém, actualmente não é possível visitar o seu interior, uma vez que depois de um período votado ao abandono, está-se a iniciar um processo de restauro com o objectivo de o transformar numa Pousada de Portugal (Enatur).
Ainda assim a visita é mais do que justificada pelo magnífico exterior do palácio, assim como pelos encantadores jardins, ao gosto italiano, com mosaicos decorativos, fontes, esculturas, estatuária com bustos de diversos poetas, Reis e outras figuras importantes da História portuguesa.
No exterior do palácio é possível ainda observar diversos painéis de azulejos azuis e brancos do século XIX com composições de decorações florais e cenas da mitologia clássica.
Embora seja uma pequena localidade merece uma visita pois tem dois pontos de grande interesse, as ruínas romanas de Milreu e o Palácio de Estói.
Milreu, classificada como Monumento Nacional, foi uma villa romana (século I/IV d.C.). Era conhecida como Ossonoba pelos romanos entre os séculos II e VI d.C. e foi o antecedente do que hoje é Faro.
Actualmente na estação arqueológica sobressai um antigo templo dedicado a divindades aquáticas datado do século IV d.C., algumas colunas de mármore, tanques decorados com mosaicos com peixes, desenhos geométricos, termas.
Colunas e Templo dedicado às divindades aquáticas ao fundo
Mosaicos com peixes
Mosaicos com desenhos geométricos
Pensa-se que, depois de diversos usos, na primeira metade do século X as abóbadas ruíram e Milreu foi abandonada. Porém, no século XVI, foi erguida uma casa sobre as ruínas abandonadas. Actualmente, essa casa, que é um exemplar arquitectónico daquela época, apresenta no seu interior, ao nível do subsolo, vestígios da antiga ocupação romana.
O Palácio de Estói, também classificado (Imóvel de Interesse Público), foi construído no século XVIII e combina os estilos neorococó, neoclássico e arte nova.
O acesso ao recinto faz-se por um portão de ferro forjado, ao qual se segue uma avenida ladeada por árvores. O primeiro conjunto de edifícios que se encontra são os estábulos, que estão abandonados. Continuando chega-se ao palácio.
Porém, actualmente não é possível visitar o seu interior, uma vez que depois de um período votado ao abandono, está-se a iniciar um processo de restauro com o objectivo de o transformar numa Pousada de Portugal (Enatur).
Ainda assim a visita é mais do que justificada pelo magnífico exterior do palácio, assim como pelos encantadores jardins, ao gosto italiano, com mosaicos decorativos, fontes, esculturas, estatuária com bustos de diversos poetas, Reis e outras figuras importantes da História portuguesa.
No exterior do palácio é possível ainda observar diversos painéis de azulejos azuis e brancos do século XIX com composições de decorações florais e cenas da mitologia clássica.
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